A Articulação entre Significado do Trabalho e “Identificação Organizacional”: Contribuições para a Compreensão do Processo de Aposentadoria Gerencial

  • Marra A
  • Marques A
  • Melo M
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Abstract

A aposentadoria, de maneira geral, tem sido um dos principais problemas com que se debatem os gerentes que já atingiram a marca dos 60 anos de idade. Contudo, a despeito da ampliação de estudos sobre esta temática, na perspectiva do sujeito, a aposentadoria continua a ser pouco investigada pela ciência administrativa. O processo de aposentar-se tem significados distintos para os sujeitos. O modo como cada um vivencia este momento varia de acordo com as determinações culturais (tempo e espaço), sua história de vida, sua capacidade de criar na interação com os outros e com o mundo, sua saúde e condição financeira, o lugar que sua atividade profissional ocupava na sua vida e a forma que lidava com seu tempo livre antes da aposentadoria (SANTOS, 1990; GUILLEMARD, 2002; WANG e SHULTZ, 2010). No caso específico dos gerentes, o fim da trajetória profissional pode ter significados ainda mais complexos. A função gerencial é repleta de ambigüidades decorrentes, principalmente, da condição de responsável pela mediação das contradições presentes no sistema de produção capitalista (PAGÈS et al., 1987). Estes gerentes devem possuir alto grau de identificação com o discurso dominante na organização, pois eles são os principais responsáveis por sua reprodução. Parte-se da idéia de que o alto grau de identificação somente é possível mediante o significado que o trabalho assume na vida deste gerente. Estas duas variáveis conjugadas interferem diretamente na representação da aposentadoria para este grupo. Assim, este artigo tem como objetivos analisar as abordagens sobre a aposentadoria na literatura, enquanto processo de transição, suas rupturas e reconstruções identitárias; descrever a construção da identidade gerencial ancorada nos processos de identificação e na noção de identidade pessoal e social; e apresentar o significado e o sentido do trabalho ao longo do tempo, bem como a discussão sobre sua centralidade ou “morte” no atual contexto. A partir da construção teórica percebemos que o gerente aposentado pode ser privado dos principais elementos que constituem sua identidade: sua identificação com o discurso organizacional dominante, o poder sobre as pessoas, política, finanças e comunidade, o reconhecimento e o prestigio social decorrente da função ocupada; sem contar que, quanto maior o tempo de permanência ocupando um cargo gerencial em uma determinada organização, mais difícil tende a ser a sua aceitação do afastamento. Ao final, buscamos lançar algumas idéias sobre os múltiplos contextos nos quais o gerente aposentado constrói e reconstrói sua identidade. Entretanto estas são apenas reflexões iniciais, destacamos a diversidade e amplitude de possibilidades de tratar o tema da aposentadoria gerencial. Portanto, faz-se necessário ampliar esta discussão e aprofundar as pesquisas teóricas e empíricas, pois se trata de vários sujeitos que enfrentam a mesma situação e que têm entre si o estigma de serem mais velhos. 1

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Marra, A. V., Marques, A. L., & Melo, M. C. de O. L. (2010). A Articulação entre Significado do Trabalho e “Identificação Organizacional”: Contribuições para a Compreensão do Processo de Aposentadoria Gerencial. In In: Encontro Nacional da ANPAD - EnANPAD (pp. 1–15). Rio de Janeiro - RJ: XXXIV EnANPAD.

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