A ação coletiva dos pescadores na Amazônia Central

Abstract

O processo de intensificação da pesca comercial na região gerou tipos sociais de pescadores que atuam de maneira singular sobre os recursos pesqueiros, originando tensões sociais e litígios em torno dos recursos da ictiofauna. As relações sociais de conflito na pesca produziram um processo de sociação entre os pescadores locais da Amazônia Central. Esses grupos sociais criaram estratégias de controle do uso e dos usuários dos recursos haliêuticos nos ambientes aquáticos próximos de seus territórios, entendidos como acordos de pesca. Desse modo, procurou-se entender como os pescadores agem e se relacionam diante de situações de dilemas sociais como a escassez dos estoques pesqueiros causados, principalmente, pela exploração contínua dos pescadores comerciais. Nesse ínterim, constatou-se que o conflito possuía uma dimensão positiva na medida em que possibilitou uniões e contribuiu para a formação de um capital social entre os pescadores. Assim, a pesquisa realizada na zona rural do Município de Manacapuru no estado do Amazonas identificou a competência organizativa que os pecadores locais possuem no intuito de manter os estoques pesqueiros em níveis que permitam o auto-abastecimento e impeçam a exploração desenfreada causada pela pesca comercial, demonstrando que são capazes de aprender normas de reciprocidade e regras sociais que lhes possibilitam superar diversos dilemas sociais.