Imagem, história e ciência

  • Mauad A
  • Lopes M
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Abstract

When working to make documentaries of ethnological, zoological, botanical or geographical interest, faithful documentation is, of course, my first consideration and the pictorial point of view has very often to be discarded (BALDI, Mario. A cameraman in Central Brazil. Photo Magazin, Munique, out. 1954. Coleção Mario Baldi, MB-P-PC-C3/136. Secretaria Municipal de Cultura de Teresópolis, Rio de Janeiro). Pensar sobre a relação entre história, imagem e ciência levanta, inevitavelmente, questões de intertextualidade e reflexões sobre protocolos de representação da realidade. A ideia de que as imagens permanecem no imaginário social como ícones das culturas das quais fazem parte pode ser útil para compreendermos que elas, como qualquer produção humana, são suportes de relações sociais, estão envolvidas em jogos de poder, arenas discursivas e conflitos de toda sorte. É possível fazer ciência com imagens, produzir imagens da ciência e mapear imagens que conformam a noção de tempo e de história. As imagens despertam julgamentos estéticos e críticas filosóficas, sempre articulados com as culturas dos que as produzem e de seus leitores, seja no processo histórico que caracterizou o tempo de sua criação e circulação, seja no tempo em que elas se tornam fontes e documentos para os estudos dos autores aqui reunidos. Os meios pelos quais elas circulam redefinem seus usos, funções e significados. As imagens são ricas e, por vezes, podem parecer comunicar mais do que se quer mostrar. Como percebemos na confissão feita certa vez pelo fotógrafo Mario Baldi, que lemos na epígrafe dessa introdução, não é difícil encontrar no vocabulário sobre imagens a ideia de que é preciso adestrá-las, apará-las ou despi-las de supostos excessos, principalmente quando se quer uma imagem objetiva e útil ao conhecimento científico. É como se elas tivessem uma vida própria que deveríamos compreender para, por que não, escová-las a contrapelo. Como sugere W. J. T. Mitchell (2005), imagens podem ter vidas, amores e demandar coisas de nós, que as criamos. Essa vida das imagens não se dá, porém, fora das dimensões dos processos históricos, e são algumas das múltiplas formas e alguns dos diversos campos de possibilidades desses processos que estão reunidos nesses estudos. Em diferentes sociedades e períodos históricos, ver e conhecer foram princípios de elaboração do conhecimento sobre o mundo. Mediado pelo sentido da visão, o produto dessa relação pôde gerar, por sua vez, imagens em suportes variados. Elas passam, então, a mediar o conhecimento por meio de seus usos e funções, bem como da circulação a que são submetidas. Na produção historiográfica, a compreensão de que os regimes de visualidade definem os limites do 'ver' estabelece os campos de possibilidades da produção da História enquanto ciência humana. Assim, os regimes

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Mauad, A. M., & Lopes, M. F. de B. (2014). Imagem, história e ciência. Boletim Do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 9(2), 283–286. https://doi.org/10.1590/1981-81222014000200002

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