Introdução: A comorbilidade entre cefaleias e perturbações psiquiátricas é frequente, podendo ser explicada quer ao nível de modelos uni ou bidirecionais, quer ao nível da partilha de factores de risco genéticos e ambientais, comuns ao desenvolvimento de ambas as condições clínicas. A presença desta comorbilidade tem implicações importantes, agravando o quadro clínico, aumentando o risco de cronicidade, elevando a intensidade da dor e a taxa de insucesso terapêutico.Material e Métodos: Os autores realizaram um estudo descritivo, retrospectivo, de prevalência, envolvendo 250 doentes observados na consulta de ligação de Psiquiatria-Cefaleias, durante um período de 3 anos, entre 1 de Julho de 2011 e 1 de Julho de 2013, no qual se procedeu à análise dos processos clínicos, relativamente aos dados sociodemográficos e clínicos, diagnóstico psiquiátrico, neurológico e terapêutica prescrita.Resultados e Discussão: Foram efectuadas 689 consultas de ligação Psiquiatria-Cefaleias, verificando-se maior prevalência de doentes do sexo feminino (84%), com média de idades de 47 anos. As cefaleias tipo tensão (60,8%), a enxaqueca (24,8%) e as cefaleias atribuídas a perturbações psiquiátricas (7,2%), foram os tipos mais prevalentes, enquanto as perturbações de humor (62%) e as perturbações neuróticas relacionadas com o stress (39,2%) foram os diagnósticos psiquiátricos mais frequentes na consulta. A intervenção terapêutica nestes casos privilegiou a intervenção multidisciplinar do médico Neurologista e do Psiquiatra, baseando-se na psicoeducação, abordagem cognitivo-comportamental e tratamento psicofarmacológico.Conclusão: Dada a complexidade dos quadros clínicos nos casos de comorbilidade, a experiência da consulta de psiquiatria de ligação e da intervenção multidisciplinar revelou-se uma mais valia no tratamento destes doentes, configurando-se como o cenário mais adequado para o tratamento destas patologias.Palavras-chave: Cefaleia; Comorbilidade; Perturbações Mentais; Psiquiatria.
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Martins, V., Temótio, J., & Murta, I. (2015). Comorbilidades Psiquiátricas Associadas às Cefaleias: a Experiência da Consulta de Ligação. Acta Médica Portuguesa, 28(1), 44–50. https://doi.org/10.20344/amp.5541
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