Tupi ou não Tupi? Predação material, ação coletiva e colonialismo no Espírito Santo, Brasil

  • Ribeiro L
  • Jácome C
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Abstract

Este artigo trata das interações entre populações indígenas e não indígenas no sul do Espírito Santo (costa sudeste do Brasil) nos séculos XVIII e XIX, a partir de uma abordagem da arqueologia interpretativa combinada a teorias sobre a agência dos humanos e dos objetos. Sua primeira parte é uma discussão crítica sobre a assimetria epistemológica, estabelecida e mantida ao longo de séculos de colonialismo, entre histórias locais e a história da colonização americana pelos ocidentais. A partir de um estudo de caso, discute-se como a mesma metanarrativa do devastador impacto ocidental sobre populações nativas, consideradas culturalmente estáticas e socialmente passivas, opera em modelos teóricos arqueológicos correntes e no discurso nacionalista do século XIX sobre a conquista dos índios do Espírito Santo. Em seguida, apresenta-se uma perspectiva alternativa de estudo do aparato material tupi setecentista, atenta à noção indígena de reciprocidade e ao potencial do mundo material para a mobilização de ações coletivas. Com o contexto interpretativo construído para os sítios arqueológicos do Espírito Santo, procura-se discutir, a partir de cerâmicas, líticos, manuscritos e mapas, a ação tupi na colonização europeia.This paper deals with the interactions between indigenous and non-indigenous populations in the south of Espírito Santo (southeast coast of Brazil) in the 18th and 19th centuries, from an interpretative archaeology's approach combined with theories about the agency of humans and objects. The first part is a critical discussion on the epistemological asymmetry established and sustained through centuries of colonialism, amongst the local histories and the history of the American colonization by the westerners. A case study presents how the same metanarrative for the western impact over native populations, considered culturally static and socially passive, works in current archaeological theoretical models and in the 19th century nationalist discourse about the conquest of indigenous people in Espírito Santo, Brazil. In sequence, the paper brings forward an alternative perspective for studying the 18th century tupi material apparatus, with attention to the indigenous notion of reciprocity and to the potential of the material world to mobilize collective actions. We seek to discuss the tupi action during the european colonization according to the interpretative context arranged for the study of Espírito Santo's archaeological sites, as well as the pottery, lithics, manuscripts and maps of that period.

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Ribeiro, L., & Jácome, C. (2014). Tupi ou não Tupi? Predação material, ação coletiva e colonialismo no Espírito Santo, Brasil. Boletim Do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 9(2), 465–486. https://doi.org/10.1590/1981-81222014000200012

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