Viver na cidade capitalista pressupõe uma permanente luta pelo espaço. Esta afirmação já revela a crise urbana na qual o processo de urbanização contemporâneo se assenta, pois é imposto à maioria daqueles que vivem nas cidades uma extrema expropriação da riqueza produzida socialmente, principalmente nos países da periferia do capitalismo. Até mesmo as conquistas levadas a cabo pelos movimentos sociais e organizativos após décadas de luta, como a segurança da posse, a moradia social ou os espaços culturais, padecem de um processo de precarização que impedem o alcance de sua manutenção ao longo do tempo, principalmente quando eles estão localizados em eixos de centralidade econômica. Orientados pela ótica da Geografia, propomos uma reflexão sobre alguns termos da crise urbana fundamentada na produção do espaço por entendê-la como central à reprodução da sociedade, tanto para realização dos processos de acumulação como para a reprodução da vida. Tal perspectiva se vincula a autores como Henri Lefebvre e Ana Fani Alessandri Carlos, que preconizam a ampliação da noção de que o espaço é condição, meio e produto da sociedade. E desvendar a sua produção significa alcançar os conteúdos atuais das contradições sociais. Nesse cenário e atendo em vista a metrópole de São Paulo (Brasil), apresentamos mais uma ação de expropriação sobre a favela Nova Guarapiranga, numa reiterada estratégia de remoção do poder público local. A mencionada favela revela uma história de reivindicações e conquistas de políticas públicas que tentam impedir a expulsão dos moradores, porém, no movimento da totalidade de reprodução da metrópole, o lugar se incorpora ao eixo de maior dinâmica de valorização – Vetor Sudoeste. Este fator gera ações estatais que promovem renovadas justificativas de expulsão dos moradores, estabelecendo novo conflito.
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Ribeiro, F. V. (2014). CRISE URBANA. Revista Cidades, 11(19). https://doi.org/10.36661/2448-1092.2014v11n19.11982
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