Resumo A subcultura BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo, Masoquismo) organiza-se em torno de práticas eróticas dissidentes, pautadas no consentimento. A partir de uma netnografia, este estudo visa apreender como os adeptos de BDSM se apresentam do ponto de vista identitário no ciberespaço. Neste sentido, blogs e sites relacionados ao BDSM foram acompanhados, bem como redes sociais. Somam-se a este material, entrevistas de adeptos em outras mídias. Técnicas de amostragem por saturação e Análise de Discurso foram aplicadas. Ao erotizarem o poder, constroem jogos eróticos pautados em hierarquias, onde um indivíduo ocupa o papel de dominação e o outro, de submissão. Todavia, para além de um mero papel sexual, os adeptos defendem que tanto a dominação quanto a submissão fazem parte de sua própria natureza, revelando um discurso essencializador ou instaurando o que afirmam ser uma orientação sexual. A partir de cenários, vestimentas e apetrechos sexuais específicos, seus praticantes ressignificam traumas sociais, particularmente os que envolvem a opressão de gênero. A despeito do estigma que marca os sujeitos envolvidos, suas narrativas bebem de alguns dos pilares da subjetividade contemporânea, dos quais se destaca, a valorização da experiência, do desenvolvimento de si e da maximização do prazer.Abstract The subculture of BDSM (Bondage, Discipline, Domination, Submission, Sadism, Masochism) is organized around dissident erotic practices based on consent. Starting with a netnography survey, this study seeks to understand how adepts of BDSM present themselves from the standpoint of identity in cyberspace. In this sense, blogs and sites related to BDSM, as well as social networks, have been observed. Added to this material are interviews of adepts in other media. Techniques of Saturation Sampling and Discourse Analysis were applied. By eroticizing power, they construct erotic games based on hierarchies, where one individual occupies the role of domination and the other of submission. However, beyond a mere sexual role, the adepts argue that both domination and submission are part of their own nature, revealing an essentializing and instituting discourse, which they claim to be a sexual orientation. From specific scenarios, dress and sexual paraphernalia, their practitioners relive their social traumas, particularly those involving gender oppression. In spite of the stigma that is attributed to the subjects involved, their narratives echo from some of the pillars of contemporary subjectivity, such as valuation of experience, of self-development, and of the maximization of pleasure.
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Silva, V. L. M. da. (2018). Sexualidades dissidentes: um olhar sobre narrativas identitárias e estilo de vida no ciberespaço. Ciência & Saúde Coletiva, 23(10), 3309–3318. https://doi.org/10.1590/1413-812320182310.18642018
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