A cidade, onde a vida acontece, é a expressão mais representativa dos lugares, diz Milton Santos. Mas não setrata da cidade dos mapas, ou aquela percebida do alto, ou mesmo das cidades fotografadas ou imaginárias – ainda quetodas elas se refiram à cidade-terreno. É a cidade-corpo, cidade-terreno, que diz o significado dos territórios da vida. Na cidadecorpo, território de existência, lugar da construção de subjetividades, a mobilidade veloz é, contraditoriamente, na modernidade, produtora de imobilismos. É a velocidade que, ao desequilibrar, no terreno próprio da cidade, obstrui o corpo em sua condição de ser e em sua capacidade de experimentar. O caminhar pela rua – que faz com que o corpo do sujeito se deixe atravessar pelo corpo da cidade; e se transforme nela – já se torna transgressão, diante do movimento prevalente que nos retira do chão. É este corpo do sujeito que concede existência à cidade-terreno; e, com o seu vagar, passo a passo, desafia a velocidade que rouba lugares.
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Hissa, C. E. V., & Nogueira, M. L. M. (2016). CIDADE-CORPO. Revista Da Universidade Federal de Minas Gerais, 20(1). https://doi.org/10.35699/2316-770x.2013.2674
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