Este artigo objetiva discutir a formação obrigatória ofertada nos Programas de Pós-graduação de Antropologia (PPGA) via o mapeamento documental dos “clássicos” indicados nas disciplinas obrigatórias teóricas do mestrado. O escopo da pesquisa reuniu o levantamento de dois mil e oitenta e dois títulos indicados em Clássicos I e II na UnB ao longo dos anos de 1972-2019, e novecentos títulos que compõem as ementas de disciplinas correlatas em vinte PPGA no Brasil. Ao analisar esse conjunto de dados visamos contribuir para o debate em torno da formação dos/as antropólogos/as brasileiros/as por meio de uma atenção especial aos documentos, nos quais a noção de clássico assume materialidade ao longo das décadas a partir de obras e autores. Em que pesem as crescentes disputas – em nosso país e alhures – em torno de quais autores e obras devem ou não constar na formação obrigatória, o processo de mapeamento documental evidenciou regularidades institucionalizadas nas inclusões e exclusões de autores e obras nos diversos PPGA em nosso país. Desta perspectiva, buscamos, por um lado, avançar na compreensão do contexto em que tal debate tem se dado mais recentemente; por outro, refletir sobre o uso das metáforas de “linhagens”, “ancestrais” e “pais fundadores” para pensar laços intelectuais e teóricos considerados centrais ao campo disciplinar e à formação antropológica dos neófitos. Por fim, esboçamos algumas possibilidades interpretativas considerando a relevância da experiência de ensino da antropologia.
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Teixeira, C. C., & Cunha, R. R. (2023). Por que ler (esses) “clássicos”? Anuário Antropológico, (v.48 n.3), 10–36. https://doi.org/10.4000/aa.11419
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