A realidade do consumo de drogas nas populações escolares

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INTRODUÇÃO O consumo de drogas transformou-se numa preocupação mundial, particularmente nos países industrializados, em função da sua grande prevalência e dos riscos que pode acarretar. A adolescência é uma etapa do desen-volvimento que suscita grandes preocupações quanto ao consumo de drogas pois constitui uma época de ex-posição e vulnerabilidade às mesmas. Os vários Estados têm fomentado o estudo e o con-trolo do fenómeno do consumo de drogas com o ob-jectivo de definir políticas de intervenção. O European School Survey on Alcohol and Drugs (ES-PAD) é um projecto com inquéritos realizados a cada 4 anos em 35 países europeus, que conta com o apoio do Grupo Pompidou do Conselho da Europa e do Obser-vatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT). O estudo realizado em 2007 concluiu que, em Portugal Continental, 18% dos rapazes e 10% das rapa-rigas de 16 anos de idade já experimentaram o consu-mo de drogas ilícitas pelo menos uma vez. A média eu-ropeia de consumo de drogas foi de 23% no sexo mas-Rev Port Clin Geral 2011;27:348-55 Objectivos: Caracterizar o consumo de drogas ilícitas dos estudantes açorianos do terceiro ciclo e avaliar os seus conhecimentos sobre a temática. Tipo de estudo: Observacional, transversal descritivo. Local: Escolas com ensino de terceiro ciclo da Região Autónoma dos Açores. População: Estudantes do terceiro ciclo. Métodos: Aplicação de um inquérito a uma amostra de conveniência, composta pelos alunos do 9. o ano de cinco escolas da Região. Resultados: Foram incluídos no estudo 602 adolescentes, 307 do sexo feminino, com uma média etária de 15,2 (14-18) anos. Todos os inquiridos afirmaram já ter ouvido falar de drogas (76,4% na escola e 47% em casa), 62,3% já viram amigos consumir, a 38% já foi oferecida droga e 25,6% já experimentaram (55,8% dos rapazes e 44,2% das raparigas). A idade média de início de utilização foi de 14,4 anos, a droga mais utilizada foi a cannabis, o principal local de consumo foi em bar/discoteca mas 41% já viram consumir na escola e 46,8% dos consumidores já o fizeram neste local. Quase 43% dos alunos experimentaram uma ou duas vezes, 44,2% consomem ao fim-de-semana, 9,7% duas a três vezes por semana e 3,2% todos os dias. Os principais motivos de consumo foram a curiosidade e a oferta de um amigo. Conclusões: Este estudo sugere que a prevalência do consumo de droga entre os adolescentes açorianos é elevada, superior a qualquer outra região do país e à média europeia. Questiona-se a adequação da informação adquirida pelos alunos, tendo em conta que ocorre maioritariamente na escola. De realçar que o consumo ocorreu, sobretudo, em bares e discotecas, abrindo perspectivas de intervenção nas áreas de lazer. Os resultados alertam para a necessidade de informação e formação adequadas, sensibilizando os jovens para os efeitos no-civos do consumo de estupefacientes e promovendo estilos de vida saudáveis.

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Pinheiro, A., Picanço, P., & Barbeito, J. (2011). A realidade do consumo de drogas nas populações escolares. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 27(4), 348–355. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v27i4.10869

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