A s dislipidemias constituem fator de risco es-tabelecido para desenvolvimento da doença cardiovascular (CV), principal causa de mor-te em Portugal em adultos. Existe cada vez mais evidência de que o processo aterosclerótico tem início em idade pediátrica, 1 processo este que se de-senvolve em relação com a presença e intensidade de conhecidos fatores de risco CV, nomeadamente de dis-lipidemias. Estes factos, associados ao aumento da pre-valência de obesidade e excesso de peso na infância, 2-3 têm conduzido ao desenvolvimento recente de orien-tações clínicas relativamente ao rastreio de dislipide-mias em crianças e adolescentes. Em junho de 2013, a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu a norma de orientação clínica referente ao Pro-Rev Port Med Geral Fam 2014;30:264-7 Rastreio de dislipidemias em crianças e adolescentes – a evidência que sustenta as recomendações RESUMO O rastreio de dislipidemias em crianças e adolescentes tem sido recentemente tema de orientações clínicas emitidas por di-versas sociedades médicas, incluindo a Direção-Geral da Saúde em junho de 2013. Estas recomendações surgiram num contexto atual de aumento da prevalência da obesidade e excesso de peso em crianças. Além disso, estudos demonstram que o processo aterosclerótico pode ter início na infância e que há uma tendência para as crianças com dislipidemias manterem o perfil lipídico alterado em idade adulta. Contudo, questiona-se se o rastreio de dislipi-demias em crianças está associado a diminuição do risco e da morbimortalidade cardiovasculares. O presente artigo visa rever as diferentes estratégias de rastreio propostas pelas principais sociedades médicas e analisar a evidência que sustenta estas recomendações. As normas de orientação que recomendam o rastreio de dislipidemias não se baseiam em estudos que comprovem o bene-fício do mesmo na diminuição do risco e da morbimortalidade cardiovasculares, pelo que a necessidade da realização do ras-treio deve ser ponderada individualmente.
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Loio, M., & Maia, D. de A. (2014). Rastreio de dislipidemias em crianças e adolescentes – a evidência que sustenta as recomendações. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 30(4), 264–267. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v30i4.11352
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