A exclusão escolar, que alimenta a exclusão social, assume ainda foros de verdadeira calamidade, quer a nível mundial, quer a nível nacional. Esta é a principal causa da marginalidade, do desemprego, da fome, da miséria, do roubo organizado e do crime violento. São milhões de cidadãos em grande parte improdutivos, que não pagam impostos e que sobrevivem ao abrigo dos sistemas sociais que todos pagamos. No nosso país, à excepção do ensino superior, o acesso à educação está assegurado, mas há ainda centenas de milhares de alunos que anualmente vêem interrompido o seu percurso, com enormes prejuízos financeiros e sociais que não aproveitam a ninguém. Existem várias formas de exclusão escolar que afectam ainda uma parte importante da população mundial: crianças, jovens e adultos que ainda não têm acesso à escola, alunos que a escola exclui e abandona precocemente, pessoas com necessidades educativas especiais, deficientes ou não, que a escola ainda não aprendeu a educar, e todas as crianças e jovens que são vítimas de um modelo de escola organizado para a exclusão sistemática de uma parte importante dos seus alunos. Para responder a este estado de calamidade e evitar os prejuízos incalculáveis, gerou-se um movimento mundial no sentido de garantir a educação a todos os cidadãos, sem excepção, criando condições de acesso nos países em vias de desenvolvimento, e concebendo novos modelos de educação e de escola, nos países desenvolvidos, capazes de educar todos sem excluir ninguém e sem deixar nenhum aluno para trás. Este movimento, rumo à inclusão, tem vindo a ser coordenado pela Organização das Nações Unidas e pelas suas Agências, com iniciativas e contribuições importantes de alguns países e com o compromisso assumido pela comunidade das nações.
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Baptista, J. A. (2010). Inclusão e desenvolvimento. A face oculta da exclusão escolar. Gestão e Desenvolvimento, (17–18), 123–140. https://doi.org/10.7559/gestaoedesenvolvimento.2010.132
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