O artigo discute diferentes estratégias de justificação da adoção de quotas eleitorais por sexo, com ênfase naquelas que reivindicam um estatuto moral diferenciado para as mulheres. Elas introduziriam um novo tipo de política, mais desinteressado e altruísta, reflexo do seu treinamento social como responsáveis pelo cuidado com os mais fracos (a começar pelas crianças). No entanto, essa "política do desvelo" ou "política maternal" termina por perpetuar a inserção subordinada das mulheres no mundo da política, na medida em que o cartão de ingresso é exatamente a negação da ação em defesa dos próprios interesses.This article discusses different strategies for justifying the adoption of sex-based electoral quotas, emphasizing the type that claim a different moral status for women. The latter advocate introduction of a new type of politics, more unselfish and altruistic, which is supposed to reflect women's social training as those who are responsible for the care of those who are weaker (beginning with children). However, this "politics of care" or "maternal politics" ends up perpetuating the subordinate position of women in the world of politics, to the extent that the very grounds for their admission-their "entrance ticket", as it were-represents the negation of action in defense of women's own interests.
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MIGUEL, L. F. (2001). Política de interesses, política do desvelo: representação e “singularidade feminina.” Revista Estudos Feministas, 9(1), 253–267. https://doi.org/10.1590/s0104-026x2001000100015
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