Revisitando os valores modernos que se referem ao papel do artista e suas ações, o artigo propõe analisar as dificuldades experienciadas pelas mulheres em relação ao acesso do espaço público e ao gesto de compor trajetórias através dele; considerando produções feministas como as de Linda Nochlin, Griselda Pollock e Alice Walker. A partir desta reflexão, sugere-se que os meios têxteis puderam proporcionar, durante a modernidade e até o tempo presente, um meio de percurso criativo que reconhece a si e ao ambiente doméstico como paisagem a ser apropriada e construída. Busca-se também apresentar as artistas contemporâneas Marissa Noana, Clara Nogueira e os Coletivos Avesso e Linhas, e suas trabalhos que visam tensionar estas dinâmicas de impedimento, levando a produção têxtil para a esfera pública, envolvida no contexto da arte urbana, das redes sociais e da videoarte. Assim, o artigo em traça um percurso iniciado pelos construtos da feminilidade e as limitações que implica sobre a ideia de trajeto; passando pela concepção de modos alternativos de deslocamento que habitam a esfera do íntimo e do doméstico e que, ainda assim, fornecem um conteúdo criativo importante para a história da arte feminina; e, por fim, demonstrando como a arte contemporânea produzida por mulheres tem encarnado esta carga histórica a ser reinterpretada, usufruindo das novas posições conquistadas para criar possíveis trajetórias têxteis.
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Dias, M. de A. C. (2021). Trajetos têxteis: Palíndromo, 13(29), 199–211. https://doi.org/10.5965/2175234613292021199
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