Nos últimos anos o agronegócio canavieiro vem passando por um surto de expansão, sendo apresentado como emblema do progresso e do que há de mais desenvolvido no país. No presente artigo, busca-se questionar os mitos construídos em torno desse setor da economia brasileira, desvelando as injustiças ambientais e o sofrimento vivenciado por trabalhadores nordestinos que anualmente se deslocam para oferecer sua força de trabalho nas regiões canavieiras. Metodologicamente, lançamos mãos da literatura especializada sobre agronegócio canavieiro em sua interface com a migração dos trabalhadores nordestinos e com as condições e relações de trabalho nas quais esses sujeitos estão inseridos. Utilizamos ainda dados de nossas próprias pesquisas desenvolvidas, na microrregião do Pajeú, Estado de Pernambuco e de Princesa Isabel - Paraíba. Os dados sinalizam para a (in) sustentabilidade ambiental e humana do agronegócio canavieiro, desmistificando, dessa forma, a doçura da cana e a pureza do etanol produzido no Brasil, uma vez que tal produção é fortemente marcada por condições perversas, cujas consequências sociais tem sido a depredação do meio ambiente, a destruição da flora e da fauna, a exploração do trabalho e dos trabalhadores marcados neste processo com o signo do adoecimento e não raramente da morte.In the past few years the sugarcane agribusiness has been experiencing considerable expansion, being presented as a symbol of progress and the most developed industry in the country. In this article, we investigate the myths surrounding this sector of the Brazilian economy, revealing the environmental injustices and suffering experienced by northeastern workers who relocate every year to work in the sugarcane regions. We conducted a methodological study of the specialized literature on the sugarcane agribusiness and its interface with the migration of northeastern workers and the labor conditions and relations to which these individuals are subjected. We also use data from our own research developed in the micro regions of Pajeú in the State of Pernambuco and Princesa Isabel in the State of Paraíba. The data reveal the human and environmental unsustainability of the sugarcane agribusiness, demystifying the sweetness of sugarcane and purity of ethanol produced in Brazil, since this production is strongly influenced by perverse conditions, the social consequences of which have been the destruction of the environment and the flora and fauna, the exploitation of labor and workers in this process marked by illness and, in many cases, death.
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Costa, P. F. F. da, Silva, M. S. da, & Santos, S. L. dos. (2014). O desenvolvimento (in)sustentável do agronegócio canavieiro. Ciência & Saúde Coletiva, 19(10), 3971–3980. https://doi.org/10.1590/1413-812320141910.09472014
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