Histórias Alternativas 209 Os primeiros tempos daquela que veio a ser conhecida como a antropologia social britânica são equiparáveis ao desenvolvimento mais ou menos contem-porâneo do círculo de Viena na psicanálise, à reunião dos companheiros de Durkheim em torno do Année Sociologique, ou à formação da escola dos Annales, liderada por Lucien Febvre e Marc Bloch, na história social. 1 Em todos esses casos, uma pequena rede de intelectuais periféricos impulsionada por líderes carismáticos criou o que viriam a ser novas disciplinas nas ciências sociais emer-gentes. Foram inaugurados objectos de estudo, métodos de investigação e apli-cações para a pesquisa. Houve interacções intrigantes entre alguns dos mem-bros dessas pequenas redes. Mas não é fácil, em qualquer desses casos, perceber exactamente como o processo se desencadeou. Habituámo-nos a que o ensino da história da antropologia social bri-tânica nos cursos de licenciatura comece com uma comparação entre Malinow-ski e os etnógrafos da velha guarda, destacando-se a forma extremamen-te inovadora como Malinowski desenvolveu o seu trabalho de campo nas Ilhas Trobriand entre 1915 e 1918. A imagem simbólica preferida é a de Malinow-ski a montar a sua tenda na aldeia. O antropólogo deve abandonar a sua posição confortável na varanda, onde se habituou a recolher depoimen-tos de informantes, escreveu ele (1926: 147). A partir de então, o antropólogo tinha de sair para o meio da aldeia, cultivar uma horta, participar nas danças,
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Kuper, A. (2005). Histórias alternativas da antropologia social britânica. Etnografica, (vol. 9 (2)), 209–230. https://doi.org/10.4000/etnografica.2960
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