Este artigo analisou nove estudos sobre intervenções psicoeducativas para mitigar processos de estigma e discriminação relacionados ao HIV/Aids no Brasil. As intervenções ocorreram a partir de 1996, es- tando a maioria em andamento em 2002, seis anos após a disponibilização da terapia antirretroviral. So- mente uma intervenção teve como objetivo instituir uma política anti-discriminatória com base no HIV no ambiente de trabalho, sendo as outras referentes a projetos de prevenção ao HIV com populações de caminhoneiros, moradores de favela, homens que fazem sexo com homens, de assistência a pessoas com HIV no trabalho e pesquisas sobre gênero e saúde sexual e reprodutiva de pessoas vivendo com HIV. As intervenções se diversifi caram quanto à combinação dos tipos de estratégias empregadas, tais como ên- fase na informação sobre infecção por HIV, desenvolvimento de habilidades para prática de sexo seguro e aconselhamento para situações de efetiva ou potencial discriminação. Nas ações de prevenção ao HIV, o enfrentamento dos estigmas associados à promiscuidade e pobreza foi interpretado como uma ação que repercutiu no aumento da prática de sexo seguro. No contexto das pesquisas, o manejo do estigma foi possível pelo compartilhamento de experiências reais ou potenciais de discriminação no trabalho ou na vida afetivo-sexual. Análises de intervenções de mitigação do estigma da Aids no Brasil são escassas e estão localizadas em nível comunitário de projetos de prevenção ao HIV ou em contextos de pesquisas conduzidas nos serviços especializados em DST/Aids. A análise de experiências anti-estigma de servi- ços de saúde ou de ONG tem recebido pouca refl exão acadêmica.
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Zucchi, E. M., Paiva, V. S. F., & Júnior, I. F. (2013). Intervenções para reduzir o estigma da AIDS no Brasil: uma revisão crítica. Temas Em Psicologia, 1067–1087. https://doi.org/10.9788/tp2013.3-ee15pt
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