As estratégias algorítmicas da era da “pós-verdade” vieram desconfigurar a política e estão a abalar os alicerces das velhas democracias. A par disso, as novas dinâmicas clickbait vieram agravar o já de si frágil posicionamento do fenómeno jornalístico no mundo contemporâneo. Este algorithmic turn, que chegou à política, às notícias e à interacção social, está a evoluir para uma dimensão insondável, não somente porque constituiu o algoritmo em gatekeeper, mas também porque criou máquinas de propaganda especializadas em engenharia social, em automação do comportamento político e em correntes emocionais, manipulando a opinião e criando novas espirais de silêncio. Cultura, política e comunicação enfrentam estes novos abismos. Neste texto procuraremos pensar esta vertigem, esta tecnologização e distopia da mediação, do saber e do conhecimento, a nova propaganda, armada agora pela Inteligência Artificial, em que as plataformas digitais e os seus algoritmos porventura não dominam ainda completamente os processos de interação e de comunicação, embora claramente os (nos) monitorizem e rastreiem, reconduzindo a experiência democrática para âmbitos mais complexos de regressão histórica e política.
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Cádima, R. (2018). A Rede na Estratégia da Aranha: “Pós-verdade”, Política e Regressão. Observatorio (OBS*). https://doi.org/10.15847/obsobs12520181294
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