RESUMO-A prevalência de pacientes viciados em cocaína e/ou crack parece estar aumentando; por-tanto, o médico deve estar preparado para diagnos-ticar o uso de drogas. OBJETIVOS. Determinar se existem sinais típicos de uso de cocaína e/ou crack no trato respiratório superior ou na orofaringe em exame otorrinolaringo-lógico comum. Orientar o médico no diagnóstico dos pacientes viciados nessas drogas. MÉTODOS. Foram estudados 18 pacientes viciados em cocaína e/ou crack, que estavam internados em clínica psiquiátrica, através de anamnese e exame otorrinolaringológico simples (rinoscopia anterior e orofaringoscopia). INTRODUÇÃO A cocaína é uma substância natural extraída da coca. Em épocas passadas, foi largamente usada como anestésico tópico em cirurgias oftalmológicas e otorrinolaringológicas, possuindo propriedades vasoconstritoras. Chega ao consumidor nas formas de um sal-cloridrato de cocaína-que pode ser aspirado ou, dissolvido em água, ser usado por via endovenosa. Há ainda a pasta de coca, que é um produto grosseiro, obtido nas primeiras fases de preparação; contém muitas impurezas e é fumada-método pouco utilizado pelos dependentes da dro-ga. As formas de uso da cocaína são, portanto: 1) aspirada (cujos efeitos começam em torno de três minutos); 2) injetada (seus efeitos iniciam-se em aproximadamente um minuto e meio); e 3) fumada (os efeitos demoram apenas alguns segundos para acontecer). A sua ação mais óbvia ocorre no siste-ma nervoso central, através de um bloqueio da recaptação da dopamina na fenda sináptica: sensa-ções intensas de prazer, euforia e poder, diminui-ção da necessidade de sono, aumento das sensações sexuais, redução do apetite, estado de hipera-tividade com aceleração do pulso, aumento do rit-mo respiratório, febre, hipertensão arterial, tremor nas mãos e agitação psicomotora. O crack é um subproduto da cocaína. É obtido a partir da pasta de coca acrescida do bicarbonato de RESULTADOS. Foi impossível estabelecer uma cor-relação entre o tempo de uso, quantidade e freqüên-cia no uso das drogas quanto aos sintomas e exame otorrinolaringológico. CONCLUSÃO. Devido à inespecíficidade no exame otorrinolaringológico do paciente viciado em co-caína e/ou crack, é necessário que o médico sus-peite do abuso de drogas na história clínica; caso contrário, poderá não realizar este importante diagnóstico. UNITERMOS: Toxicologia. Cocaína. Otorrinolaringologia sódio, sendo comercializado na forma de pequenas pedras porosas. Fumado em pequenos cachimbos de fabricação caseira ou através da inalação do seu vapor, produz um efeito de frenética euforia e intensa excitação, sendo que uma pedra não rende mais do que duas horas de euforia. Seu início de ação se faz em aproximadamente oito segundos. Quando a pedra se esgota, sobrevem a exaustão e o usuário entra em sono profundo. Sendo uma droga de uso muito simples e muito barata, facilita o acesso à crianças de camadas pobres da população. O crack é mais potente e prejudicial do que a cocaína inalada ou injetada. Na prática médica tem-se observado um aumento crescente na incidência de pacientes dependentes de drogas, a despeito das constantes campanhas publici-tárias que visam coibir o seu uso. A cocaína e o crack são drogas que lesionam uma grande área do trato aerodigestivo superior, abrangendo a mucosa nasal, o septo nasal, os cornetos, a faringe, a mucosa oral, a laringe e, até mesmo, a região superior do esôfago. Isso ocorre devido não apenas aos seus efeitos irritativo e vasoconstritor, mas também porque a inalação de gases quentes em uma mucosa aneste-siada pode levar a uma queimadura. Além disso, diversas substâncias que fazem parte dos frascos usados para aquecer o crack-como tinta, material plástico, restos no recipiente e outros-são inaladas, podendo ocasionar lesões às mucosas oronasais.
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Nassif Filho, A. C. N., Bettega, S. G., Lunedo, S., Maestri, J. E., & Gortz, F. (1999). Repercussões otorrinolaringológicas do abuso de cocaína e/ou crack em dependentes de drogas. Revista Da Associação Médica Brasileira, 45(3). https://doi.org/10.1590/s0104-42301999000300008
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