Recentemente, o baixo desempenho dos estudantes brasileiros nas avaliações internacionais ganhou os noticiários, levantando a suspeita de que a qualidade da educação científica no país esteja em queda. Neste artigo, inspirados pela sociologia da educação de Pierre Bourdieu, nós investigamos o efeito da desigualdade social no desempenho dos estudantes brasileiros em Ciências da Natureza. Uma amostra representativa de todos os participantes do ENEM entre 2012 e 2019 (n = 489.167) foi submetida a uma análise de correspondência múltipla ajustada e inserida em um modelo linear multivariado. Como primeiro resultado, observamos que a origem social é capaz de explicar mais de 35% do desempenho em ciências dos estudantes. Logo, grande parte do sucesso escolar é devido ao privilégio de classe. Por outro lado, frequentar uma escola privilegiada é mais importante que nascer em uma família privilegiada, pois o efeito social da escola mostrou-se quase quatro vezes superior ao efeito social individual. Esses resultados trazem implicações importantes para pensarmos criticamente a educação científica em vista da ideologia do mérito e da distribuição desigual de recursos e oportunidades no sistema educacional.
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Lima Junior, P., & Fraga Junior, J. C. (2021). QUAL É O EFEITO DA DESIGUALDADE SOCIAL NO DESEMPENHO EM CIÊNCIAS DOS ESTUDANTES BRASILEIROS? UMA ANÁLISE DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (2012-2019). Investigações Em Ensino de Ciências, 26(1), 110. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n1p110
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