O suicídio entre povos indígenas no Brasil ocupa lugar de destaque na preocupação de diversas lideranças (PYELITO KUE, 2012; CRPSP, 2013), indigenistas (CIMI, 2015) e intelectuais (KROEMER, 1994; DOS SANTOS, 2015; DAL POZ, 2000; DE SOUZA e DOS SANTOS, 2009). Contudo, conforme pontua PECHINCHA (2015), muitas vezes, o olhar para esse fenômeno faz-se descolado da trama social que permeia a relação entre a sociedade indígena e não indígena. Dessa forma, o presente artigo propõe debruçar-se sobre a literatura disponível a respeito do suicídio, lançando mão também de reportagens e matérias sobre a conjuntura e sobre o fenômeno, partindo do pressuposto central de que este encontra-se indissociável do processo contraditório (MARX, 1846/1988) de violências e esbulhos a que foram e são submetidas as populações indígenas, apesar da garantia de seus direitos em pactos internacionais. Assim, considerando o movimento estrutura-história das culturas (SAHLINS, 1979), o texto aborda o suicídio como um problema de saúde coletiva da população e dos povos indígenas de forma indissociável da história de genocídio no contexto das fronteiras, de modo que há uma transformação epistêmica ocasionada a partir da penetração nos territórios (PAREDES e GUZMÀN, 2015). A partir do debate, defende-se o cuidado em uma perspectiva política, reconhecendo o conflito territorial como um conflito de projetos de existência.
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Adsuara, C. C., Araújo, G. H. M. de, & Oliveira, P. de T. R. de. (2020). Nas fronteiras dos impactos expansionistas do capital sobre a saúde dos povos indígenas no Brasil: questões para a compreensão do suicídio. Saúde Em Redes, 5(2), 325–338. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2019v5n2p325-338
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