N N as avalanches de fusões e aquisições que têm ocorrido no Brasil e no mundo, raras têm sido as empresas adquiridas ou incorporadas com base em seu valor contábil, aquele que consta de seu tradicional balanço patrimonial. Um dos casos mais marcantes de que se tem re-gistro foi o valor desembolsado pela IBM quando adquiriu a Lotus. Embora seu valor contábil fosse de cerca de US$ 250 milhões, a Lotus foi adquirida por não menos que US$ 3 bilhões. O que fez com que a Big Blue se dispusesse a abrir mão de vulto-sos US$ 2,75 bilhões a mais do que os preciosos e objetivos números depreendidos da análise do ba-lanço patrimonial da Lotus? A resposta é simples: a IBM decidiu pagar por algo mais valioso do que o refletido no balanço tradicional. De que estamos falando? De fatores que, apesar de constarem quando muito das notas explicativas dos balanços, fazem toda a diferença. Se fizermos uma visita ao pregão de Wall Street ou, simplesmente, folhearmos as páginas de ne-gócios dos principais jornais americanos, obser-varemos uma Southwest Airlines valendo muito mais do que outras empresas tradicionais muito maiores. Daí temos a Netscape, uma empresa cujo patrimônio mal chega aos US$ 20 milhões, mas que, ao abrir seu capital mediante uma oferta ini-cial de ações, apercebe-se de que o mercado, no final do dia, lhe atribuíra o valor de US$ 3 bilhões. A Intel provoca, a bem dizer, um "escândalo mun-dial" devido a deficiências no microprocessador Pentium, e o preço de suas ações-pelo menos até algumas semanas atrás-mal chega a oscilar. Se nos ativermos ao mercado brasileiro, observare-mos empresas como a Kibon sendo adquiridas por um preço muito maior do que seu valor contábil-fala-se em uma diferença superior a 100%. Ou tal-vez fiquemos intrigados com a TAM, que, mesmo com os infortúnios que a acometeram em meses recentes, vê suas ações terem seu valor não só pre-servado mas aumentado. Fica muito evidente que o valor de tais empresas não pode ser determinado apenas através dos méto-dos contábeis tradicionais, que remontam à Era Industrial. O valor delas não reside na estrutura de con-creto, nos estoques, nas aeronaves ou em qualquer outro ativo fixo, mas em outro tipo intangível de ati-vo: o capital intelectual. O que é capital intelectual? Seria no mínimo preci-pitado, nesse momento e mesmo nos meses à frente, tentar arbitrar uma definição para o termo. No entan-to, nos últimos anos, diversas pessoas e empresas, mo-tivadas pela necessidade, resolveram enfrentar o desa-fio de encontrar, se não a definição, pelo menos uma explicação convincente. Algumas delas incluem em suas "definições" de capital intelectual não só a capacidade intelectual hu-mana, mas também nomes de produtos, designs, mar-cas registradas, liderança tecnológica, lealdade dos clientes, relacionamento com os fornecedores, trei-namento constante dos empregados, velocidade de atendimento de assistência técnica, sistemas de in-formação, indicadores de qualidade etc. Como acontece toda vez que um novo conceito
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Katalitós, P. (1998). Capital intelectual. Revista de Administração de Empresas, 38(4), 75–77. https://doi.org/10.1590/s0034-75901998000400010
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