O objetivo dessa pesquisa foi analisar o processo de adoção de crianças e adolescentes HIV positivos sob a perspectiva do adotante. Trata-se de pesquisa qualitativa, realizada em diferentes localidades do território brasileiro, com participação de 10 pessoas que adotaram crianças soropositivas. Foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro semiestruturado, sobre: dados sóciodemográficos, descrição do processo adotivo e de suas dificuldades, aspectos relacionados à preparação para a adoção, HIV, família e amigos, tratamento, cuidado, estigma e preconceito vivenciados, adaptação da criança no ambiente familiar e escolar, grupos de apoio à adoção. As entrevistas foram transcritas e foi realizada a análise de conteúdo. Os resultados revelaram que a morosidade processual constitui o principal entrave e deve ser repensado no âmbito das suas competências, nas diferentes instâncias. Os adotantes sugerem que o acesso às informações sobre crianças soropositivas, em condições legais de serem adotadas, seja facilitado através de mecanismos de buscas ou sistemas específicos. Os dados apontaram para a vulnerabilidade individual, social e programática das crianças soropositivas que se encontram abrigadas em nosso país. Enquanto institucionalizadas, elas se encontram atreladas à justiça e aos serviços públicos, o que requer agilização para abreviar o longo trâmite judicial, que retarda a construção de uma nova trajetória de vida. Essas crianças ficam privadas por maior tempo de estabelecer vínculos de com uma nova família, que lhe destine cuidados, amor, carinho e atenção, aspectos essenciais ao seu bom desenvolvimento.
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Coutinho, A. S. A., Antunes, M. C., & Polli, G. M. (2019). Adoção de crianças soropositivas no Brasil. Psicologia Argumento, 37(96), 248. https://doi.org/10.7213/psicolargum.37.96.ao06
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