A teoria feminista confronta mundialmente no presente momento - talvez como sempre tenha feito - uma série de profundos desafios. Por um lado, a consciência de desigualdades sexuais e de gênero parece alta; por outro, a cooptação do feminismo por agendas nacionalistas ou de extrema direita é frequente. Por um lado, aumentam os movimentos sociais feministas, e por outro há uma continuada supremacia do feminismo hegemônico e uma resistência a intervenções interseccionais não binárias. Se adicionarmos o colapso da esquerda face aos movimentos radicais como os que embasaram o Brexit e Trump (e a frequente acusação ao feminismo de ter fragmentado a esquerda) fica difícil saber o que argumentar, com quem e para quê. Diante desse quadro, fica-se tentada a responder com um feminismo dogmático ou singular, ou insistir na necessidade de uma plataforma compartilhada, clara e precisa. Quero argumentar, no entanto, - com Emma Goldman (ativista anarquista que morreu em 1940) como guia - que pode ser politicamente produtivo abraçar e teorizar a incerteza, e mesmo a ambivalência, com relação à igualdade de gênero e ao feminismo.
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Hemmings, C. (2018). A feminist politics of ambivalence: Reading with Emma Goldman. Revista Estudos Feministas, 26(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2018v26n358564
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