Plantas medicinais e ritualísticas dos Kaiowá do Tekoha Taquara como contribuição para a demarcação da terra ancestral, Mato Grosso do Sul, Brasil

  • Million J
  • Veron V
  • Vilharva K
  • et al.
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Abstract

Resumo A pesquisa foi desenvolvida com um grupo Kaiowá, do tronco linguístico Tupi-Guarani. O território Kaiowá é denominado Tekoha. Esse grupo vem ocupando uma fazenda cujo território, embora tenha sido reconhecido como a terra original do Tekoha Taquara em 2010 pela Fundação Nacional do Índio, teve a demarcação suspensa por liminar. A ocupação é considerada ilegal e, os indígenas vêm sendo dizimados. As lideranças Kaiowá nos desafiaram a mostrar que o conhecimento que detêm sobre a flora local, seria uma evidência que legitima a reivindicação da área. Para atender a reivindicação o trabalho foi alicerçado sob hipóteses: recursos iguais estão disponíveis aos indígenas e não indígenas e são valorizados distintamente; os Kaiowá possuem conhecimento exclusivo; as plantas da tradição ocorrem na região. Foram feitas turnês guiadas com sete especialistas. Documentaram-se as espécies em herbário, os nomes em guarani e português, usos e partes utilizadas. Compilaram-se as espécies medicinais da literatura e dos bancos de dados dos herbários. O Fator de Consenso dos Informantes (FIC) dos usos foi comparado com artigos. As 90 espécies registradas compõem a maior lista entre artigos com indígenas do MS. Compilou-se 659 espécies medicinais usadas no MS. Das espécies compiladas, 61,1% são citadas exclusivamente no Taquara. O FIC mostrou baixa similaridade. Os Kaiowá usam misturas de plantas na medicina, o que é raramente citado. Os indígenas citam espécies que não mais ocorrem na área. Os resultados apoiam as hipóteses indicando a especificidade do conhecimento dos Kaiowá do Taquara e é um sustentáculo do reconhecimento da área ancestral.Abstract Our research is with the indigenous Kaiowá, of the Tupi-Guarani linguistic trunk. Though the land the Kaiowá live on in the state of Mato Grosso do Sul (MS) underwent demarcation as an indigenous territory in 2010, named Tekoha Taquara, a document was issued by a Justice, suspending its validity. The Kaiowá therefore live vulnerably, occupying land that is not in their legal right. Kaiowá leaders challenged us to use their intricate knowledge of local flora as evidence for land rights. To highlight the specificity of their plant knowledge, our study operates on three assumptions: equal resources are available to indigenous and non-indigenous people and are valued distinctly; the Kaiowá have exclusive knowledge; traditional plants occur in the region. Guided tours were conducted with seven experts. Herbarium species, plant names in Guarani and Portuguese, uses and parts used were documented. The medicinal species from literature and from herbaria databases were compiled. Informant Consensus Factor (FIC) regarding uses was compared across articles and with Kaiowá knowledge. 659 medicinal species for MS were compiled. Of these, 61.8% are used exclusively in Taquara. The 90 registered species in our study make up the largest list among articles with indigenous people in MS. FIC demonstrated low similarity. Plant mixtures used by the Kaiowá is rarely mentioned in literature on medicinal plants. The Kaiowá cite species that no longer exist in the area. This supports that the specificity of Kaiowá knowledge, tying it to their land. Our results support the recognition of their ancestral land.

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Million, J. L., Veron, V., Vilharva, K. N., Cáceres, N. V., & Oliveira, R. C. (2020). Plantas medicinais e ritualísticas dos Kaiowá do Tekoha Taquara como contribuição para a demarcação da terra ancestral, Mato Grosso do Sul, Brasil. Rodriguésia, 71. https://doi.org/10.1590/2175-7860202071138

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