O que toca à/a Psicologia Escolar: desdobramentos do encontro entre Psicanálise e Educação

  • Kupfer M
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Abstract

Em 1997, o artigo "O que toca a/à Psicologia Escolar" foi escrito com a intenção de traçar e sistematizar algumas balizas para o trabalho do psicólogo escolar que escolheu orientar-se pela psicanálise. À época, buscar uma prática institucional, em qualquer que fosse a instituição-escola ou hospital-orientada pela psicanálise não era óbvio. Não era de fácil proposição uma prática psicanalítica fora das quatro paredes de um consultório. Assim, muito do que se escreveu naquele artigo tinha sabor de heterodoxia. Passados vinte anos, pode-se indagar: o que sobreviveu das ideias ali traçadas? Levar a psicanálise à educação é ainda hoje uma heterodoxia? Naquele texto, a intenção era definir a posição do profissional dentro da esco-la, sua direção de trabalho e os parâmetros que poderiam orientá-lo, tomando como base a teoria e a clínica psicanalíticas, já que um dos eixos da discussão era a noção de transferência. Resumindo cada uma das direções ali apontadas, o artigo afirmava que um psicólogo não atende, nem recusa as demandas que uma escola dirige a ele: ele as escuta. A escuta é um instrumento de trabalho propício à emergência de falas de sujeitos que quebram a repetição dos discursos institucionais e auxilia no relançamento da circulação da fala. Para isso, organiza espaços de trabalho: grupos de professores e de crianças. Essa escuta só poderia ser efetiva se estivesse apoiada na transferência do professor e da escola com o profissional psicólogo orientado pela psicanálise. Havia ainda a noção de espaço psi. O espaço psi foi apresentado como um espaço construído pela presença de um psicólogo na escola. Em sua definição, não coincide com o espaço físico de uma sala de atendimento. Ele se espalha por toda a escola e se desenha a partir das múltiplas relações que se constroem em todos os cantos da escola: do psicólogo com os alunos, com os professores e com o pessoal administrativo. O artigo baseou-se também no princípio segundo o qual toda instituição-inclusive a escola-está estruturada como uma linguagem e segue, assim, os princípios de seu funcionamento. Chamava a atenção para o fato de que uma instituição é feita de discursos, que tendem a produzir repetições, mesmices, na tentativa de preservar o estabelecido e garantir sua permanência. Por que seria necessário interromper a repetição? Porque, havendo apenas discursos cristalizados, cessariam a "oxigenação" da instituição e os efeitos de transformação que surgem quando há espaço para emergências ou falas singulares. E, se as falas singulares não

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Kupfer, M. C. M. (2017). O que toca à/a Psicologia Escolar: desdobramentos do encontro entre Psicanálise e Educação. In Concepções e proposições em Psicologia e Educação (pp. 49–56). EDITORA BLUCHER. https://doi.org/10.5151/9788580392906-02

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