Neste artigo abordamos a temática cosmológica dominante na segunda metade do século XVI. Polarizada entre duas posições antagônicas: os partidários do geocentrismo, que se apoiavam no modelo descritivo aristotélico-ptolomaico, e os copernicanos que defendiam um cosmo heliocêntrico. Para desenvolver esse debate nos apoiamos em PLATAO, 2001; ARISTÓTELES, 2002 e COPÉRNICO, 2009, BRUNO, 2012; numa leitura hermenêutica da discussão cosmológica apresentada por esses autores. Diante desses dois víeis descritivos do cosmo nos interessava investigar qual a posição adotada por Giordano Bruno diante desse contexto. Bruno, nos seus textos se apresenta como um crítico contumaz do geocentrismo, relacionando diretamente tal descrição a Aristóteles, e como um defensor do heliocentrismo copernicano. O debate cosmológico bruniano é expostos em várias obras, entre elas podemos citar A ceia das Cinzas publicada em 1584 e L’immenso e gli innumerevoli de 1592. O antiaristotelismo de Bruno é bastante contundente, mas o mesmo vigor não aparece ao tratar o modelo cosmológico copernicano. Nos perguntamos, então, o que justificava a elaboração do elogio bruniano, com ressalvas, a Copérnico. Concluímos que, apesar da aproximação com o heliocentrismo copernicano, não é possível caracterizar Bruno como um copernicano. Copérnico permaneceu atrelado aos conceito de última esfera, de universo hierarquizado, por exemplo, definições que são refutadas por Bruno. O cosmo bruniano é infinito, homogêneo e povoado de inumeráveis mundos. Esses conceitos não estão presentes no cosmo heliocêntrico copernicano.
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Lopes, I. C. (2014). Giordano Bruno: entre o geocentrismo e o heliocentrismo. Griot : Revista de Filosofia, 9(1), 1–25. https://doi.org/10.31977/grirfi.v9i1.603
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