O presente texto tem como objetivo descrever e analisar como a cultura não indígena comparece no cotidiano da Escola Indígena de Ensino Fundamental Ywará Puruborá, discutindo também a forma como os professores analisam as contribuições e os limites desse trabalho na escola. Os dados foram obtidos a partir de pesquisa do tipo etnográfico, realizada na Aldeia Aperoi, uma propriedade rural localizada às margens da BR 429, no município de Seringueiras, estado de Rondônia, na qual vivem sobreviventes do povo Puruborá. Na pesquisa utilizaram-se os seguintes instrumentos: análise documental, observação participante, diário de campo e entrevistas com quinze participantes, entre crianças e adultos. Os resultados indicam que o povo Puruborá valoriza a escola como produto de suas lutas históricas e atribui a ela o papel de revitalização da cultura indígena bem como de preparação das novas gerações para conhecer e lutar por seus direitos frente à sociedade não indígena. O trabalho pedagógico desenvolvido pela professora da escola é fortemente influenciado pelos cursos de formação continuada aos quais ela teve acesso e que não são voltados para as especificidades da educação escolar indígena. Entretanto, a professora busca atender às necessidades de aprendizagem de suas alunas, adequando as situações de aprendizagem às condições em que atua. Conclui-se que a escola indígena neste contexto é uma necessidade para o empoderamento das novas gerações frente à proibição de assumirem-se como indígenas e à negação de seus direitos, sofridas por esse povo ao longo de sua história.
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Oliveira, A. D. de, & Zibetti, M. L. T. (2018). CULTURA NÃO INDÍGENA NA ESCOLA DO POVO PURUBORÁ. Teoria e Prática Da Educação, 20(3), 31–46. https://doi.org/10.4025/tpe.v20i3.34535
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