A identidade nacional portuguesa foi construída, ao longo do tempo, por vários meios e no cinema também, em relação com a identidade de um “outro” africano, próximo e distante, herdeiro e desafiador, objeto de sedução e de repulsa. Estas dualidades estão patentes no filme Tabu (2012), de Miguel Gomes, que reifica e questiona representações. Filme pós-colonial, no sentido em que reflete sobre a forma como estereótipos e representações sociais e “raciais” criados durante o colonialismo se repercutem na sociedade portuguesa de hoje, oferece um olhar crítico sobre uma certa elite portuguesa em África e sobre a forma como esse mesmo grupo viveu o período da Guerra pela Independência, confrontando esse momento da história portuguesa com o tempo atual.Analisa-se o discurso fílmico do autor, através de uma abordagem semiótica multimodal do filme: uma análise de Tabu tendo em conta os processos de categorização, quer por exclusão, quer por inclusão. Apresenta-se uma leitura dialógica de recursos semiológicos como ritmo, composição, conexões informais e diálogos, sendo que a finalidade desta análise multimodal é perceber a representação do “outro” africano no filme e a forma como a identidade portuguesa se constrói na relação com essa alteridade africana.
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Pereira, A. C. (2016). Alteridade e identidade em Tabu de Miguel Gomes. Comunicação e Sociedade, 29, 311–330. https://doi.org/10.17231/comsoc.29(2016).2422
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