D esnecessário enfatizar a alta morbidade e mortalidade das doenças oncológicas, o avanço do conhecimento para o tratamento de mui-tos desses quadros e a necessidade de enfermeiros preparados para atuar nesse contexto. É necessário, no entanto, enfatizar a desigualdade na oferta e no acesso aos cuidados em oncologia "entre os povos" e dentro do mesmo "povo" e realçar os desencontros entre o que necessitam e querem os doentes, familiares e populações e o que os proo ssionais e o sistema de saúde oferecem. Educação sobre doença, tratamentos e efeitos colaterais e aten-ção às necessidades emocionais são sempre apontadas por doentes e famílias como ofertadas de modo insuu ciente, mas os proo ssionais não percebem ou não se ajustam para atender tais expectativas. As enfermeiras oncológicas es-tão compartilhando desse progresso e dessas dee ciências e lhes cabe ree exão sobre o futuro. Grupo de Trabalho de proo ssionais de todo o mundo que analisou as cau-sas da insuu ciência do cuidado à saúde e apontou caminhos para o século XXI publicou relatório (1) que enumerou, como razão dos desacertos atuais, entre outras causas, os currículos fragmentados, ultrapassados e estáticos, que produzem proo ssionais mal preparados para o trabalho em equipe, com foco na técnica e capacidade limitada para compreender a realidade social local e contextualizar o cuidado; o relatório indica também como problemáticos a orientação hospitalar em prejuízo ao cuidado primário, os encontros doentes e proo ssionais mais esporádicos do que continuados, a estratii cação proo ssional por gênero e o comportamento "de classe", que leva à competição, ao agir in-dividualizado e às discrepâncias na valorização entre proo ssionais. O caminho apontado é a mudança na educação. Visa-se o aprendizado transformativo e a interdependência na formação e atuação; almeja-se formar proo ssionais capa-zes de mobilizar conhecimento, raciocínio crítico, conduta ética e comporta-mento inspirador, que levem à equidade em saúde, por meio de serviços apro-priados e de alta qualidade. (1) Os enfermeiros estão convocados a esse desaa o. Os Modelos de Interdependência e de Transdependência na Educação em Saúde assentam-se sobre pressupostos de educação e competências com-partilhadas interproo ssionais, trabalho em equipe sistemático e, no futu-ro, competências compartilhadas transproo ssionais, isto é, extrapolando os proo ssionais e incluindo a comunidade. Nesses Modelos a competência de cada proo ssional é o que dee ne suas ações e não o título acadêmico, o tempo de trabalho ou a capacidade de um dado grupo proo ssional de mobilizar o poder do Estado para lhes dar credenciais e monopólios. (1) Os Modelos de Interdependência e de Transdependência na Educação em Saúde alinham-se
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Pimenta, C. A. de M., & Domenico, E. B. L. D. (2019). Enfermagem Oncológica: olhando para o futuro. Acta Paulista de Enfermagem, 32(6), 3–6. https://doi.org/10.1590/1982-0194201900082
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