Resumo O objetivo do artigo é analisar como as mulheres lidaram com o período de isolamento social, sem suas tradicionais redes de apoio no processo de conciliação entre “casa” e “trabalho”: trabalho doméstico remunerado, creches e escolas, arranjos familiares. Através de entrevistas semiestruturadas com mulheres pertencentes às classes médias, percebem-se poucas alterações nas dinâmicas da divisão sexual do trabalho, aumentando a sobrecarga e, consequentemente, as desigualdades vivenciadas no período. Observa-se que, a partir dessa experiência, as instituições educacionais tomam um lugar privilegiado na percepção dessas mulheres, contrapondo com uma visão menos valorativa do trabalho doméstico remunerado. Para além disso, o Estado aparece diretamente conectado com a percepção de “caos” em suas vidas, trazendo novos pontos de compreensão sobre políticas públicas voltadas ao cuidado e ao âmbito doméstico.Abstract The aim of the article is to analyze how women dealt with the period of social isolation, without their traditional support networks in the process of reconciling “home” and “work”: paid domestic work, kindergartens and schools, family arrangements. Through semi-structured interviews with middle classes woman, there are few changes in the dynamics of the sexual division of labor, increasing the work overload and, consequently, the inequalities experienced in the period. It is observed that from this experience, educational institutions take a privileged place in the perception of these women, contrasting with a less appreciative view of paid domestic work. In addition, the State appears directly connected to the perception of “chaos” in their lives, bringing new points of understanding about public policies aimed at care and the domestic sphere.
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Monticelli, T. (2021). Divisão sexual do trabalho, classe e pandemia: novas percepções? Sociedade e Estado, 36(1), 83–107. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136010005
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