Educação híbrida e cultura digital: reflexões sobre docência, aprendizagem e tecnologias na contemporaneidade

  • Veloso B
  • Sestito C
  • Malheiro C
  • et al.
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Abstract

A educação, desde sua origem, passou por inúmeras transformações, adaptando-se às evoluções sociais e às mudanças culturais. Diante de uma revolução educacional impulsionada pela cultura digital e tecnologias emergentes, nos deparamos com propostas inovadoras e desafiadoras da educação, que nos levam a questionar e refletir sobre o papel da docência, da educação híbrida, da aprendizagem e das tecnologias na atualidade. É nesse contexto que apresentamos o dossiê "Educação Híbrida e Cultura Digital: Reflexões sobre Docência, Aprendizagem e Tecnologias na Contemporaneidade".Este dossiê convida à reflexão, ao propor uma discussão profunda e abrangente acerca do papel e da interação entre educação, cultura digital e tecnologias emergentes no contexto atual. Os artigos apresentados fornecem perspectivas valiosas sobre diferentes aspectos dessa temática, incluindo a análise histórica da educação híbrida, a importância das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no desenvolvimento do pensamento teórico, a relevância da acessibilidade e inclusão no ensino superior, os desafios enfrentados pelos educadores no ensino remoto emergencial, a importância e necessidade da capacitação de profissionais da educação básica e a compreensão das concepções e práticas associadas à educação híbrida.Essas reflexões nos levam a considerar as múltiplas dimensões envolvidas no cenário educacional contemporâneo e destacam a necessidade de promover práticas pedagógicas inovadoras e inclusivas, capazes de enfrentar as desigualdades sociais e educacionais e de se adaptar às demandas e possibilidades trazidas pela cultura digital e pelas tecnologias emergentes. Ao abordar a formação docente, o engajamento dos estudantes, o desenvolvimento de competências e habilidades e a democratização do acesso à informação e aos recursos tecnológicos, os artigos deste dossiê contribuem para a construção de um conhecimento crítico e reflexivo sobre os desafios e oportunidades na intersecção entre educação híbrida, cultura digital e tecnologias na contemporaneidade.Nesse contexto, é fundamental que pesquisadores, profissionais da educação e tomadores de decisão continuem a explorar e aprofundar o conhecimento sobre essa temática, visando desenvolver estratégias eficazes e abordagens pedagógicas adaptadas às necessidades da sociedade contemporânea e capazes de promover uma educação mais inclusiva, flexível e transformadora.A coletânea reúne estudos e reflexões de pesquisadores e profissionais da área, que buscam contribuir para o entendimento e aprimoramento das práticas pedagógicas nesse cenário em constante evolução. Os artigos apresentados a seguir abordam temas como a importância da educação híbrida e sua relação com a EaD e a educação presencial, a formação continuada de professores, a inclusão e a acessibilidade, o emprego da inteligência artificial na educação, e o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e inclusivas. Ao longo deste dossiê, o leitor será convidado a refletir, questionar e debater sobre a influência das tecnologias digitais na educação e os desafios e oportunidades que surgem a partir dessa interação.Entendemos que é fundamental refletir sobre a importância da educação híbrida no contexto atual e o papel das tecnologias digitais nesse processo, e, nesse sentido, o artigo “Educação Híbrida Como Tendência Histórica: Análise das Realidades Brasileira e Portuguesa” de Braian Garrito Veloso, Daniel Mill e José António Moreira, contribui para essa análise ao oferecer um balanço histórico da educação híbrida no Brasil e em Portugal, destacando o movimento dialético entre EaD e educação presencial como aspecto-chave na compreensão dessa tendência. Entende-se, assim, que a educação híbrida, resultado dessa interação dialética, apresenta-se como um espaço de convergência entre as abordagens presenciais e a distância, possibilitando uma maior flexibilidade e personalização do ensino. Nesse cenário, a cultura digital desempenha um papel essencial, permitindo a criação de ambientes virtuais de aprendizagem e a incorporação de diferentes ferramentas tecnológicas no processo educacional. Essa reflexão sobre a educação híbrida e a cultura digital nos leva a questionar as implicações para a docência e a aprendizagem no século XXI. É preciso considerar as competências e habilidades necessárias para os educadores nesse novo contexto, bem como os desafios que os estudantes enfrentam ao se adaptarem a essa nova realidade. O texto nos ajuda a entender sobre a importância dos pesquisadores e profissionais da área de educação continuarem explorando e aprofundando o conhecimento sobre a educação híbrida e a cultura digital, colaborando para o avanço da compreensão dos desafios e oportunidades que essas transformações apresentam. Entendemos que a incorporação de diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, como sugere o artigo, pode enriquecer o debate e contribuir para a construção de uma educação mais inclusiva, flexível e adaptada às necessidades da sociedade contemporânea.Na era da docência, aprendizagem e tecnologias na contemporaneidade, os educadores enfrentam o desafio de se adaptar às novas demandas e incorporar ferramentas digitais em suas práticas pedagógicas. Neste contexto, o artigo “Ações Mediadoras de Desenvolvimento do Pensamento Teórico em uma Formação Continuada Remota e Síncrona de Professores do Ensino Fundamental I”, de Alex Garcia Smith Angelo e Vanessa Dias Moretti, oferece uma análise reflexiva de uma situação desencadeadora de aprendizagem (SDA) em uma formação continuada de professores, que integra o uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) e jogos digitais, concentrando-se na álgebra nos anos iniciais. Empregando o método materialista-dialético e a teoria Histórico-Cultural, os pesquisadores examinam as ações mediadoras que possibilitaram indícios de superação do pensamento empírico pelo pensamento teórico. Os resultados revelam que a combinação de procedimentos técnicos de comunicação/voz e registro de símbolos pelo caderno digital, aliados ao trabalho coletivo de professores e à mediação intencional do formador, criaram condições favoráveis para o desenvolvimento do pensamento teórico, mediado por nexos conceituais relacionados à álgebra nos anos iniciais. Esse estudo contribui para a temática proposta nesta coletânea, ao evidenciar que as TIC podem ser valiosas ferramentas no processo de desenvolvimento do pensamento teórico de professores em formação continuada. No entanto, os autores destacam que essa potencialidade não é intrínseca às ferramentas do ambiente das TIC, mas sim resultado do trabalho coletivo entre o pesquisador e as professoras, o que ressalta a importância da colaboração e da mediação pedagógica consciente no contexto das tecnologias na educação contemporânea.Em um mundo cada vez mais conectado e imerso na cultura digital, a aprendizagem e as tecnologias contemporâneas têm assumido um papel fundamental na forma como o ensino superior se desenvolve e se adapta às demandas atuais. Nesse contexto, o artigo “Análise e Reflexões sobre as Interações no Portal de Acessibilidade”, de Cícera Aparecida Lima Malheiro, Valéria Sperduti Lima, Leandro Key Higuchi Yanaze e Marcio Hollosi, ilustra a importância da inclusão e acessibilidade na educação, abordando o desenvolvimento do Portal de Acessibilidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os autores ponderam a respeito da inclusão e acessibilidade no ensino superior como demandas globais e, nesse contexto, descrevem os princípios que orientaram a criação do Portal de Acessibilidade, apresentando informações sobre o acesso e interação dos usuários, analisando o impacto e a contribuição deste portal para a promoção de uma cultura inclusiva no ensino superior. Eles salientam que a acessibilidade e a inclusão no ensino superior estão fundamentadas em três pilares: acesso, permanência e participação. Ademais, consideram que a universidade tem o dever de disseminar conhecimento aberto e universal, democratizando o acesso à informação. Para tanto, é crucial assegurar a permanência e a conclusão do curso em condições de igualdade. O Portal de Acessibilidade da Unifesp é apresentado como uma iniciativa relevante para estimular a conscientização e capacitação de docentes, discentes e toda a comunidade acadêmica, tanto interna quanto externa. O artigo instiga a reflexão acerca da importância de investir em iniciativas que promovam a inclusão e acessibilidade, auxiliando na democratização do acesso à informação no ensino superior. A elaboração do Portal de Acessibilidade ocorreu durante a pandemia da Covid-19, um momento em que as desigualdades sociais e educacionais se acentuaram e as instituições de ensino superior foram desafiadas a repensar suas práticas. Em suma, os autores destacam a necessidade de seguir promovendo ações de conscientização e formação contínua por meio do Portal de Acessibilidade, incluindo cursos, eventos e materiais que abordam as dimensões de acessibilidade. Além disso, ressaltam a importância de uma gestão diagnóstica para avaliar e identificar as necessidades da comunidade universitária e externa, buscando fomentar um trabalho colaborativo e inclusivo.Em meio à temática da docência, aprendizagem e tecnologias na contemporaneidade, é crucial analisar os desafios e oportunidades enfrentados pelos futuros educadores no contexto do ensino remoto emergencial. No artigo “Formação de Professores no Ensino Remoto Emergencial: Desafios, Limitações e Possibilidades”, de Marta Fernandes Garcia e Cássio Ricardo Fares Riedo, os autores apresentam uma reflexão sobre a formação inicial de estudantes de licenciaturas de uma instituição federal em São Paulo durante a pandemia de COVID-19. O trabalho problematiza as condições de estudo dos alunos e suas opiniões acerca da qualidade do processo de ensino-aprendizagem neste período desafiador. As análises apontam para limitações institucionais, dificuldades pedagógicas e tecnológicas do corpo docente, e barreiras socioeconômicas que afetam o engajamento dos estudantes. Os resultados revelam uma visão negativa por parte dos alunos em relação ao ensino remoto emergencial, demonstrando insatisfação quanto à organização do trabalho pedagógico, gestão e suporte tecnológico, pedagógico e emocional oferecidos. Ainda que reconheçam o esforço de muitos docentes, os alunos consideram que não obtiveram aprendizado e desenvolvimento adequados. Esta pesquisa contribui para uma reflexão profunda sobre os problemas e potencialidades das instituições de ensino na busca por uma formação docente humana, sólida e socialmente referenciada. Ao identificar os desafios enfrentados no contexto do ensino remoto emergencial, o estudo destaca a necessidade de repensar estratégias e abordagens pedagógicas, visando garantir uma formação de qualidade para os futuros educadores, mesmo diante das adversidades impostas pelo cenário atual.Em um cenário onde a educação híbrida e a cultura digital têm se tornado protagonistas no processo de aprendizagem e na utilização de tecnologias na contemporaneidade, é fundamental analisar iniciativas que buscam preparar os educadores para esse novo contexto. O artigo “Programa Temas Emergentes e Ensino Híbrido para Educação Básica: Ações Educacionais no Contexto do Ensino Remoto Emergencial”, de Rosiele Oliveira da Encarnação, Raiane da Rosa Dutra, Daniele da Rocha Schneider e Liziany Müller, oferece uma análise reflexiva das experiências do programa de extensão "Temas Emergentes e Ensino Híbrido para Educação Básica", desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria em parceria com 66 Secretarias Municipais de Educação dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Este programa teve como objetivo capacitar, instrumentalizar e qualificar professores e outros profissionais da educação básica em 2021, durante as restrições impostas pela COVID-19. Através deste estudo, percebe-se a relevância do programa no desenvolvimento de fluência tecnológico-pedagógica dos profissionais da educação básica, atendendo às novas demandas que emergiram durante a pandemia e promovendo a igualdade social. A experiência do programa destaca a importância de cursos de formação como esses, capazes de fazer a diferença e democratizar o acesso a essas tecnologias, apesar dos desafios e dificuldades encontrados no caminho. Esse artigo, portanto, contribui para a compreensão das ações e estratégias necessárias para capacitar educadores no contexto da educação híbrida e da cultura digital.No atual contexto de crescente integração entre a educação híbrida, a cultura digital e a aprendizagem com o auxílio de tecnologias, é imprescindível aprofundar a compreensão das concepções e práticas associadas a esse novo cenário. O artigo “Educación Híbrida: Concepciones, Intenciones y Condiciones”, de Jordi Quintana Albalat, oferece uma análise crítica e reflexiva das concepções da educação híbrida e dos recursos didáticos relacionados, incluindo a sala de aula invertida e a generalização da implantação de plataformas virtuais na educação. Ao examinar as implicações sociais, de controle e de negócio dessas práticas, o autor enfatiza a importância das condições básicas para a educação híbrida, que incluem aspectos tecnológicos, pedagógicos e de conteúdo, alinhados ao modelo de Conhecimentos Disciplinares, Pedagógicos e Tecnológicos (CDPT ou TPACK). Além disso, Jordi acrescenta uma quarta condição essencial para a educação híbrida, a contextual e socioeconômica, abordando a lacuna digital e a desigualdade no acesso e uso de tecnologias pelos estudantes. Esse artigo contribui significativamente para a reflexão sobre a necessidade de equilibrar as condições tecnológicas, pedagógicas e disciplinares na educação híbrida, assim como para destacar a importância de contextualizar e evitar a segregação por motivos socioeconômicos. Desse modo, o estudo oferece valiosos insights para aprimorar a implementação de práticas educacionais híbridas e promover uma educação mais igualitária e eficaz no contexto contemporâneo.É também no contexto da cultura digital e da aprendizagem auxiliada pelas tecnologias que a inteligência artificial ganha cada vez mais espaço em suas relações para com as práticas educacionais contemporâneas. Nessa senda, a pesquisa "Inteligência artificial, pós-humanismo e educação: entre o simulacro e a assemblagem", elaborada por Marcelo El Khouri Buzato, volta-se a produzir subsídios teóricos e empíricos para a prática de uma Linguística Aplicada pós-humanista que enfatiza o uso das TDIC no Brasil. O artigo perpassa por discussões que confrontam conceitos como humano e não-humano, abordando modos de relação entre mundo, tecnologia e seres humanos, debatendo, ainda, sobre a recepção das assim chamadas Inteligências Artificiais (IA). Trata-se de debate fulcral face ao desenvolvimento de recursos tecnológicos como o ChatGPT que precisamente colocam em pauta discussões acaloradas sobre o papel de ferramentas de IA face ao seu desenvolvimento e uso nos mais variados âmbitos como a educação. No texto, o autor conclui que a educação não pode se reduzir ao preconceito antropocêntrico que limita o todo da cognição a tão somente um de seus modos de atenção-conhecimento, o que acaba por redirecionar o mesmo preconceito aos próprios artefatos. O autor advoga superar a dicotomia entre humano/não-humano cuja suspensão é a base da crítica pós-humanista, direcionando-se para uma educação menos antropocêntrica e mais protetora da dignidade num sentido ecológico, onde tudo acaba por ter senciência e imaginação.No bojo da célere expansão das experiências educacionais mais híbridas, imbuídas de tantas possibilidades tecnológicas digitais, há que se considerar o papel e a importância do desenvolvimento da EaD. O texto de Constantino Dias da Cruz Neto, Vanessa Battestin, Miguel Fabrício Zamberlan, Marcio Daniel Santos Damascendo e Filipe Andrade La Gatta, intitulado "Retrato da institucionalização da EaD na Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica - 2021", aborda justamente a expansão e a consolidação da modalidade. No Brasil, sabe-se que a oferta de cursos a distância públicos ainda lida com o espectro do financiamento externo que imprime instabilidade às propostas. É nessa perspectiva que o debate sobre a incorporação orgânica da modalidade ganha força. O texto de Neto et al. busca, então, apresentar o retrato da institucionalização da EaD na Rede Federal de Educação Profissional, cuja pesquisa foi realizada em 2021 pelo Grupo de Trabalho de EaD criado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). Como metodologia, o artigo lança mão do procedimento técnico de levantamento, por meio de um questionário, que foi respondido por todas as 41 instituições representadas pelo Conif e mais duas Escolas Técnicas, totalizando 43 respondentes. Na pesquisa, são analisadas categorias como estrutura da unidade gestora de EaD, quantitativos das ofertas dos cursos, presença de disciplinas a distância em cursos presenciais, dentre outros indicadores que são importantes para pensar o objeto. O artigo conclui que há avanço importante na Rede no que se refere à institucionalização, sobretudo quanto ao número de cursos a distância, alunos, campi de instituições atuando como polos, uso diversificado de metodologias etc. O estudo observa, ainda, que há necessidade de maior estruturação dos núcleos gestores de EaD, contratação de mais profissionais efetivos com funções gratificadas, esforços em pesquisa e extensão, além da necessidade de minimizar a resistência à modalidade.Não só na expansão atinente à modalidade a distância e às experiências híbridas, a cultura digital também é responsável pelo engendramento de novas ecologias que incidem sobre os processos pedagógicos. Nessa ótica, encontra-se o artigo "Ecologia da aprendizagem e cultura digital: a transcendência dos espaços instituídos na formação no ensino superior", escrito por Rosana Abutakka Vasconcelos dos Anjos e Katia Morosov Alonso. O texto almeja compreender a relação dos processos da aprendizagem formal com os vários tipos de informações e recursos educacionais atualmente disponíveis na internet. À luz de abordagem qualitativa, o texto, utilizando-se de observação participante, discute os resultados coletados com 15 estudantes do ensino superior na Universidade Federal de Mato Grosso. A análise dos dados parte do referencial propiciado pela teoria histórico-cultural, de modo que o artigo chega à conclusão de que os discentes reorganizam seus processos de aprendizagem mediante distintas ecologias por meio do uso da internet e seus recursos, tais como sites, textos digitais, vídeos e outros. Anjos e Alonso também asseveram que as interações, em meio a essas novas ecologias, ocorrem, em grande parte, por aplicativos de mensagens e interação on-line, de tal sorte que as práticas de estudo se consolidam pela relação mediadora das tecnologias. Os resultados do artigo permitem, aliás, corroborar que os estudantes transbordam da sala de aula e ultrapassam os conteúdos recebidos pelos docentes, o que indica a existência de um movimento fluido no ciberespaço que é bem característico da cultura digital.Como tópico de discussão fulcral na contemporaneidade que, durante a pandemia, certamente ganhou novos contornos, cita-se a educação especial. Ora, Camila Dias de Oliveira Sestito e Thiago Giroto Milani, no texto intitulado “Análise e reflexões sobre a educação especial no Brasil: o cenário de 2021”, buscam descrever concepções que alicerçam o desenvolvimento do Portal de Acessibilidade na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A fim de estabelecer as análises pretendidas, o estudo recorre aos dados de acesso e interação dos usuários, enfatizando reflexões sobre o impacto e contribuição em face ao que os autores chamam de expansão de uma cultura inclusiva no ensino superior. O referido Portal é resultante de uma ação investigativa que se deu por meio de um sistema avaliativo composto por diferentes ferramentas e técnicas, destacando-se o Google Analytics. Com a pesquisa, Sestito e Milani conseguem mapear os dados de interação dos usuários nos espaços disponibilizados, identificando, também, quais foram os principais assuntos de interesse. Observa-se, assim, que os conteúdos abordados e os recursos disponibilizados no Portal são mundialmente acessados, o que, para os autores, possibilita ratificar que a temática da inclusão e a acessibilidade no ensino superior são demandas globais.Sem perder de vista as implicações da pandemia e do ensino remoto emergencial para as práticas pedagógicas, salienta-se as experiências que, durante o período pandêmico, com efeito ressignificaram o âmbito educacional. É nessa perspectiva que caminha o penúltimo artigo deste dossiê, intitulado "Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC nas práticas educacionais: um estudo a partir da ótica dos docentes de ciências contábeis frente ao ensino remoto". A pesquisa, elaborada por Giovanna Gomes Cure, Danielle Bueno Bueno, Flávia Verônica Silva Jacques e Cristiane Gularte Quintana, preocupa-se em investigar as TIC utilizadas pelos docentes nos cursos de graduação em Ciências Contábeis de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas federais da região sul do Brasil. O estudo tem, como recorte, as experiências decorrentes do ensino remoto emergencial. No artigo, de abordagem quantitativa, aplicou-se um questionário on-line aos docentes que atuam nos cursos investigados. Diante dos dados coletados, os autores recorreram, quando da apreciação, a técnicas de levantamento e análise de frequência. Conforme Cure et al., a pesquisa evidenciou que a totalidade dos docentes participantes reconhece a importância das TIC, utilizando-as nos processos de ensino-aprendizagem. Como ponto positivo das experiências vivenciadas, destaca-se a facilidade de interação entre professores e alunos. Em contrapartida, como ponto negativo, o artigo constata a falta de formação docente adequada e de recursos oferecidos pelas instituições que sejam dedicados precisamente ao propósito da aprendizagem.Ainda no que respeita às experiências que decorreram da pandemia e, conseguintemente, do ensino remoto emergencial, o dossiê se encerra com o artigo de Jéssica Janaina Lima e Luciane Penteado Chaquime. O texto "Aprendizagem da docência na pandemia: tecnologias no exercício da profissão" enfoca o início da carreira docente, período em que os professores recém-formados podem vivenciar experiências enriquecedoras devido à exploração das possibilidades profissionais, mas, também, desafiadoras no que diz respeito à permanência na carreira. Isso porque é especialmente nos primeiros cinco anos de exercício da docência que os conhecimentos construídos durante a formação inicial são confrontados com a realidade da sala de aula, podendo ressignificar os saberes e favorecer a construção de novos, por um lado, e, por outro, gerar insegurança, dúvidas e questionamentos quanto a continuar ou não na docência. Nesse sentido, por meio da aplicação de um questionário e da realização de entrevistas, a pesquisa qualitativa empreendida pelas autoras junto a licenciados em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) revelou que a aprendizagem da docência durante o ensino remoto emergencial apresentou características relacionadas à sobrevivência na profissão, pois configurou-se num período de enormes dificuldades, angústias e desconfortos gerados pelos contexto de isolamento social. No entanto, as autoras verificaram que o momento propiciou o enriquecimento da Base de Conhecimento Docente ao possibilitar a construção de saberes relacionados ao uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. A partir das reflexões realizadas no artigo, destaca-se a importância de que a cultura digital, tão presente na contemporaneidade, seja incorporada à formação inicial de professores.Ao explorar este dossiê, você será instigado a ponderar sobre a aplicação da inteligência artificial e do pós-humanismo no âmbito educacional, além de confrontar os desafios inerentes à institucionalização da educação a distância no contexto da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica. Durante a leitura, será possível acompanhar discussões sobre a ecologia da aprendizagem e a cultura digital na formação no ensino superior, bem como inclusão, acessibilidade no Brasil e a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas práticas educacionais, examinadas sob a ótica dos docentes de ciências contábeis em relação ao ensino remoto. Este é o momento oportuno para aprofundar-se nestas temáticas, descobrindo novos horizontes e compreendendo as transformações que estão delineando o futuro da educação.Dessa forma, estendemos o convite a todos (as) para embarcar nesta jornada de leitura e aprendizado. Esperamos que esta obra possa enriquecer e estimular ativamente as reflexões acerca da construção de um futuro educacional mais inclusivo, adaptável e inovador.

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Veloso, B. G., Sestito, C. D. de O., Malheiro, C. A. L., Pareschi, C. Z., Mill, D., Rocha, K. G. H. da, & Chaquime, L. P. (2023). Educação híbrida e cultura digital: reflexões sobre docência, aprendizagem e tecnologias na contemporaneidade. Dialogia, (44), e24294. https://doi.org/10.5585/44.2023.24294

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