O trabalho tem como objetivo analisar como as concepções de gestores organizacionais sobre a gestão de pessoas podem ajudar a explicar desempenhos diferenciados em termos de inovação. Para atingir o objetivo proposto, selecionaram-se duas empresas do ramo da indústria química que possuem padrões diferenciados de inovação, ou seja, são consideradas muito e pouco inovadoras. As informações foram coletadas por meio de entrevista semi-estruturada, realizada com dez gestores das organizações pesquisadas. Análise de conteúdo, com definição de categorias e subcategorias que sistematizam os conteúdos evocados pelos participantes foi o procedimento utilizado para analisar os dados. Como resultado do estudo, encontrou-se que gestores inseridos no contexto mais inovador entendem que a inovação é alcançada por meio de uma gestão de pessoas que estimule a diversidade entre as pessoas; identifique e desenvolva talentos inatos e que possua um perfil comportamental baseado na busca de desafios e da aversão à rotina. Por outro lado, os gestores de empresas consideradas menos inovadoras concebem a inovação a partir de uma prática de gestão de pessoas que consiga reter pessoas com um perfil apropriado, tais como: não ter medo de errar, ser empreendedor, ser competente e possuir auto-estima.1 Introdução As interfaces entre a inovação organizacional e a gestão de pessoas têm sido exploradas em diversos trabalhos e fóruns acadêmicos. Neste sentido, dois aspectos principais justificam e definem a inter-relação existente entre os dois temas. O primeiro deles envolve a compreensão de que grande parte dos processos de inovação exige alterações significativas no perfil comportamental das pessoas no contexto de trabalho. O segundo aspecto refere-se às inovações específicas que se processam na forma como se concebe o vínculo que liga o indivíduo às organizações (ROSSEAU e ARTHUR, 1999). Para dar conta de compreender tais aspectos, pesquisadores e estudiosos da área utilizam diferentes abordagens teóricas e metodológicas. Uma das abordagens que crescentemente tem sido utilizada é a visão construtivista da inovação (SWAN, 1995; ZUBOFF, 1994; ORLIKOWSKI e GASH, 1994). De um modo geral, nesta abordagem, considera-se que não há uma inovação independente das cognições das pessoas envolvidas (WEICK, 1995). Valoriza-se, então, a idéia de que as ações dos seres humanos se baseiam na construção de significados, na avaliação de interesses e em escolhas. Apoiados em tais pressupostos, busca-se, no presente artigo, compreender como as concepções e crenças de gestores organizacionais acerca da gestão de pessoas podem ajudar a explicar a construção de padrões diferenciados de inovação organizacional. Para alcançar o objetivo proposto, organizou-se o presente artigo em três partes principais. A primeira explora os conceitos considerados mais importantes para compreender os temas abordados. Em seguida, discorre-se a respeito dos procedimentos metodológicos utilizados na investigação e, finalizando o artigo, apresentam-se e discutem-se os resultados do estudo, assim como as principais conclusões.
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Souza, J. J. de, & Bastos, A. V. B. (2009). Gestão de pessoas e a construção da inovação organizacional: uma análise do pensamento gerencial. Revista de Administração Da UFSM, 1(2). https://doi.org/10.5902/19834659587
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