Melhoramento do Cafeeiro: XXI - Comportamento regional de variedades. Linhagens e progênies de café ao sol e à sombra

  • Carvalho A
  • Krug C
  • Mendes J
  • et al.
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Abstract

Plantaram-se em fins de 1945, nas estações experimentais do Instituto Agronômico localizadas em Campinas, Ribeirão Prêto e Pindorama e, em princípios de 1947 em Mococa e Jaú, ensaios compreendendo progênies, linhagens e variedades de cafeeiros selecionados a fim de estudar a sua reação em ambiente ensolarado e à sombra de ingàzeiros. Numerosas anotações foram realizadas referentes às re-plantas, desenvolvimento dos cafeeiros, produtividade, rendimento e características dos frutos e das sementes. Durante os primeiros anos de desenvolvimento, as replantas feitas mostraram-se mais freqüentes em Ribeirão Prêto e Pindorama e, ao dar por encerrada a primeira fase dêste ensaio, em 1956, o maior número de falhas foi observado em Jaú e, o menor, em Campinas. Nas repetições sombreadas dêstes ensaios, as falhas mostraram-se mais freqüentes. As progênies ou linhagens de Sumatra, Laurina e Caturra e as derivadas do Bourbon Vermelho C 44 foram as que deram os mais elevados números de falhas. Apenas em Ribeirão Prêto os cafeeiros mostraram sensível diminuição na altura, tomada como índice do desenvolvimento vegetativo, no ambiente sombreado, sendo pequenas as diferenças nas demais localidades. No que se refere à produção total de café cereja de todos os intens nos anos considerados, os dados obtidos indicaram sempre maior produção no lote ao sol, em comparação corn a do sombreado. Em Campinas, a produção tias repetições ao sol foi de 82% maior; em Pindorama, 349% em Ribeirão Prêto, 1271%; em Mococa. 69% e, em Jaú, 305% mais elevadas, tornando desaconselhável a prática do sombreamento nas localidades estudadas. Diferenças no número de talhas, na luminosidade e na água disponível no solo, devem ser os principais responsáveis pelas produções mais elevadas ao sol. No que se refere ao comportamento dos cafeeiros nos dois ambientes, notou-se que os mais produtivos ao sol, também alcançam as primeiras colocações no lote sombreado, indicando (pie a seleção feita ao sol deve ser eficiente também para o plantio à sombra do ingàzeiro. Em comparação com a testemunha HourUon Vermelho LC 370, dez dos itens do ensaio de Campinas, dois de Pindorama, seis de Ribeirão Prêto, três de Mococa e dois de Jaú, deram produções significativamente maiores no lote ao sol. No lote à sombra os itens melhores do que o testemunha foram em número de dois em Campinas, cinco em Pindorama, sete em Ribeirão Prêto, dois em Mococa e um em Jaú. Revelaram-se de particular interesse, pela elevada produção, as progenies de Bourbon Amarelo incluídas em ensaios de Mococa e Jaú, confirmando resultados obtidos em outros ensaios sobre a produtividade do Bourbon Amarelo. Se não tivessem surgido as linhagens de Mundo Novo e outras de liourboii Amarelo, Oses ensaios teriam fornecido informações sobre as melhores linhagens a serem plantadas em cada região agrícola. Quanto à variação anual de produção cm Campinas e Mo;oca, não se observaram diferenças significativas nos lotes ao sol e sombreado, enquanto em Pindorama e Jaú, as variâncias de produção nas repetições ao sol mostraram-se pouco maiores, o que talvez esteja relacionado com a produção, bem maior ao sol, nessas localidades. Em Ribeirão Prêto a discrepância de produção foi muito elevada, não permitindo esta comparação. As observações feitas sobre as produções nos períodos de 2, 4, 6 e K anos, mostraram que os itens mais produtivos, tanto ao sol como nas repetições a sombra, revelaram-se logo depois das quatro primeiras produções. Notou-se que alguns cafeeiros são precoces quanto à produção, como o Caturra o a linhagem de líourbon Vermelho LC 43, e outros mais tardios, como os de líourbon Amarelo em Mococa e Jaú, as linhagens LC 408 em Campinas, e as de líourbon Vermelho C 376-1, C 662 e LC 493 cm várias localidades. Embora tenham sido verificadas setisívei-, diferenças no rendimento das progenies, linhagens e variedades, observou-se que estes são um pouco melhores à sombra. As porcentagens de frutil icação foram mais elevadas nas repetições à sombra em Campinas, Mococa e Jaú e, menores, em Ribeirão Prêto e Pindorama, embora a produção tenha se revelado menor. É de se salientar que o Laurina, com a mais elevada porcentagem de frutificação, apresentou também uma das mais reduzidas produções. O pêso médio de cereja foi pouco influenciado pelo plantio à sombra, cm relação ao sol, enquanto o peso médio das sementes se mostrou pouco maior no lote sombreado, indicando menor pêso do pericarpo, o que confirma os dados sôbre os valores do rendimento. Quanto às proporções dos tipos de sementes moca, concha e chato, pouca variação foi notada no lote ao sol e à sombra, o mesmo ocorrendo com a quantidade de sementes chochas e tamanho da semente, revelado pela peneira média, e sua densidade. Os dados obtidos sobre a incidência de broca, em Campinas, mostraram que, à sombra, a infestação é maior. Observações realizadas sobre a maturação dos frutos, levaram à conclusão de que a partir de flôres abertas na mesma época, não ocorrem diferenças na maturação nas progenies plantadas ao sol e à sombra. Tomando-se ao acaso, amostras de frutos resultantes de flôres abertas nas várias épocas, verifica-se um pequeno atraso de maturação nas repetições ê sombra, indicando possíveis diferenças na intensidade do florescimento nos dois ambientes. Quanto à qualidade da bebida, os dados são de molde a sugerir maior acidez nas amostras colhidas à sombra, não ocorrendo discrepâncias acentuadas quanto aos demais característicos examinados. Os dados gerais dêstes ensaios permitem concluir que, a não ser pela drástica redução na produtividade dos cafèzais, os demais fatores estudados não se mostraram particularmente afetados pelas diferenças do ambiente ao sol e à sombra. Também permitem afirmar, de um modo geral, que as progenies e linhagens reagiram, de maneira semelhante ao sol e à sombra, no sentido de que as mais promissoras ao sol também tendem a dar boa produção à sombra.During 1945 and 1947, five regional coffee trials were established at experimental stations of the Instituto Agronômico located, respectively, in Campinas, Ribeirão Prêto, Pindorama, Mococa and Jaú comprising 25 selected entries, among which varieties, strains (mixture of seeds of several plants of a single progeny) and progenies of selected coffee plants. These trials were planted in three replications of a balanced square lattice 5x5, without any shade and three other replications under shade of Inga edulis. Temporary shade was provided in shaded plots by other shade tree species. During the first years, missing plants occurred more frequently in Ribeirão Prêto and Pindorama. In 1956, at the end of the first phase of these trials, it was observed that the number of misses was higher in Jaú and lower in Campinas. A larger number of misses always occurred in the three replications under shade. Progenies and strains of Sumatra, Laurina and Caturra cultivars and of the Bourbon Vermelho n. 44, presented the highest number of misses in all localities. The average height of the plants, taken as an index of vegetative growth, was lower in the shaded replications in the trial of Ribeirão Prêto. In all other localities, the average height was practically the same under both environments. It was also observed that most plants continued to grow in height by the end of the first phase of the experiments (12 years old). In the shaded plots, most plants had a more reduced secondary and terciary branching, which probably contributed to the lower total yield. The yield, in kilograms of ripe fruits, was a determined for each plot during this period of time. However, in order to simplify the discussion, only the total yields of the 9 years for Campinas and Pindorama and 8 years of consecutive yields for the other localities, were analysed in detail (Tables 5, 10, 15, 20 and 25). In all five trials, the replications without shade gave higher yields. In Campinas they produced 82 per cent more than the shaded plots; in Pindorama 349%; in Ribeirão Prêto 1271%; in Mococa 69%; and in Jaú, 305% more. These differences were still more striking for certain annual yields. Differences in the amount of plant misses, of luminosity and of available water in the soil were suggested to account for these high yield differences. In general, it was observed, that the highest yielding progenies in the replications without shade, had the same behavior under shade. Ten entries in the trial of Campinas, two in Pindorama, six in Ribeirão Prêto, three in Mococa and two in -aú, of the unshaded plots, gave higher yields than the check (Bourbon Vermelho strain n. LC 370). In the shaded replications two entries in Campinas, five in Pindorama, seven in Ribeirão Prêto, two in Mococa and only one in Jaú, surpassed the check in yield. The outstanding yields of Bourbon Amarelo in Mococa and Jaú trial confirmed the risults previously obtained that this cultivar gives highery yields than the selected progenies of Bourbon Vermelho. The Bourbon Amarelo was not included in the trials established in Campinas and in Pindorama. Comparisons of annual yielding variances for replications with and without shade in the Campinas and Mococa trials, revealed not to be significant. The variances of replications without shade in Pindorama and Jaú were a little higher, a finding which probably is related to the higher yield of the unshaded plots in these localities. An analyses of total yields for periods of two, four, six and eight consecutive years indicated that most of the outstanding entries could have been selected, based only on the first four yielding years, in both environments (Tables 9, 14, 19, 24 and 29). Some progenies revealed to be early yielders, as Caturra and Bourbon Vermelho n. C 43, while others are late yielding as the Bourbon Amarelo from Mococa and Jaú, Sumatra n. C 408 from Campinas and the progenies of Bourbon Vermelho n. C 376-1. C 662 and LC 493 in various localities. The outturn (relations of cherry weight to green coffee, Table 37), revealed to be better tor replications grown under shade. The laurina variety had the lowest outturn whereas a good one was found in the maragogipe. The lower laurina outturn seems to be a dominant characteristic. Fruit setting (Table 30) was higher in the shaded replications of Campinas, Mococa and Jaú, and lower in Ribeirão Prêto and Mococa. No correlation was found between percentage of fruit setting and total yield. The laurina variety, which presented the highest fruit setting, revealed to be one of the poorest yielding entries in all five regional trials. The law fruit setting of the maragogipe variety seems also to be a dominant characteristic. The average cherry weight (Table 36) was practically the same for the entries in both environments, while the average weight of flat beans (Table 38) was a litle higher under shade, indicating a lower weight of the fruit pericarp. These results are in agreement with the better outturn observed in the shaded plots. The shade had only a very slight influence on the proportion of flat, peaberry and elephant beans, when compared with the observations made in unshaded plots The same occured with the amount of empty seeds, bean size and density of the flat green coffee beans. (Tables, 39. 40, 41, 42 and 43). Data on infestation of ripe fruits with Hypothenemus hampei from the Campinas trial have pointed out a higher incidence in the shaded plots (Table 39), confirming the results of previous investigations on this field. Analysis of the process of fruit ripening, made on fruits derived from flowers opened on a single day, failed to reveal any difference between shaded and unshaded plots. However, when the amount of green fruits derived from different blossomings was determined at various intervals, showed a tendency for earlier ripening in the unshaded plots. This may be the result of differences in the intensity of blossoming during the season, between both environments (Tables 31, 32, 33, 34 and 35). Cup quality was also considered. The results suggest that a higher acidity occurs in the samples derived from the shaded plots. No consistent differences were noted in relation to the other characteristics of the beverage. The results of these trialds revealed that mesides the drastic reduction in yield in the shaded plots, no other character was particularly affected by the shade. They also indicated that the most promising coffee strains in the unshaded plots give also high yields under shade, which is of particular interest for coffee improvement projects, carried on in areas where shading is a common procedure.

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Carvalho, A., Krug, C. A., Mendes, J. E. T., Antunes Filho, H., Junqueira, A. R., Aloisio Sobrinho, J., … Moraes, M. V. (1961). Melhoramento do Cafeeiro: XXI - Comportamento regional de variedades. Linhagens e progênies de café ao sol e à sombra. Bragantia, 20(unico), 1045–1142. https://doi.org/10.1590/s0006-87051961000100046

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