Os vazanteiros, a agricultura de vazante e as barragens da destruição no Médio Rio Tocantins: perspectivas etnoecológicas

  • De Castro V
  • Barros F
  • Marín R
  • et al.
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Abstract

Human societies are distinguished by their ways of living and dealing with nature. While western society seeks at all costs to exhaust natural resources, the vazanteiros-fishers in the mid-Tocantins deal with nature sustained by mutual respect. Our purpose in this text is to identify and analyze the particularities of a millenarian cultivation system that is still exercised and is called agricultura de vazante or "Vazantes" (floodplain agriculture). The data were collected between 2007 and 2017 within the master’s degree and the development of the doctoral thesis concluded at the beginning of 2018, through participant observation and semi-structured and unstructured interviews. The results show that the vazanteiros developed their cultivation in “vazantes” in accord with their peculiarities, which include specific measures between the hills for seed planting, the number of seeds, taboos, exchanges and reciprocities inherent in agricultural cultivation and social relations thatdenote their local mode of living. Besides being sustainable, in this mode of cultivation, the earth seems to understand them and they also seem to understand the earth and its limitations, to the extent that they plant only plants that best suit each soil type. The local reality shows that the vazanteiros, their customs and traditions. have been addressed in an agenda that seems to promote, at whatever cost, their disappearance in the coming years. This is due to the unconditional increase in dams and Small Hydroelectric Power Plants (SHP) in national rivers, especially during the last few decades. It is becoming increasingly clear to us that this phenomenon known as agricultura de vazante may have its days numbered in Brazil.As sociedades humanas distinguem-se no modo de viver e lidar com a natureza, enquanto a sociedade ocidental busca a todo custo exaurir os recursos naturais, os vazanteiros-pescadores do médio Tocantins lidam com a natureza sustentados no respeito recíproco. O propósito neste texto é pontuar e analisar as particularidades associadas a um sistema de cultivo milenar, exercido e denominado de agricultura de vazante ou “Vazantes”. Os dados foram coletados entre 2007 e 2017 no âmbito do mestrado e no desenvolvimento da tese de doutoramento concluída no início de 2018, por meio da observação participante e entrevistas semiestruturadas e não-estruturadas. Os resultados mostram que os vazanteiros-pescadores exercem o cultivo nas vazantes sob particularidades próprias que incluem medidas específicas entre covas, número de sementes, tabus, trocas e reciprocidades inerentes no cultivo agrícola e relações sociais que conformam seus modos de vida local. Além de sustentável, nesse modo de cultivo, a terra parece os compreender e eles também parecem entender a terra e suas limitações, a ponto de plantar somente os cultivares que melhor se adaptam a cada solo. A realidade local mostra que os vazanteiros, seus costumes e tradições têm sido endereçados em uma agenda que parece promover, a qualquer custo, seu desaparecimento nos próximos anos. Isto se deve ao aumento incondicional das barragens e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) nos rios nacionais, sobretudo nas últimas décadas. Torna-se cada vez mais claro para nós, que esse fenômeno conhecido por agricultura de vazante possa estar com os dias contados no Brasil.

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De Castro, V. B., Barros, F. B., Marín, R. E. A., & Ravena, N. (2018). Os vazanteiros, a agricultura de vazante e as barragens da destruição no Médio Rio Tocantins: perspectivas etnoecológicas. Estudos Sociedade e Agricultura, 26(1), 65–102. https://doi.org/10.36920/esa-v26n1-4

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