Na literatura tradicional sobre os Cistercienses, os aspetos relacionados com a sua higrofilia mantêm-se pouco conhecidos. Com este trabalho, pretende-se contrariar esta "iliteracia" hidraúlica e mostrar que os !monges brancos" também alcançaram uma competência indiscutível na área da axploração e dos usos económicos da água. Tal notoriedade foi decisiva para o alcance, alargado e frutuoso, das suas comunidades mediavias. Os mosteiros, para funcionarem em condições de higiene e sanidade adequadas, careciam de um hidrossistema sólida e tecnicamente eficiente, na forma e no traçado, desde a captação de águas, seu transporte e distribuição pelo interiordos cenóbios, até à evacuação dos resíduos domésticos e pluviais. Tal empreendorismo obrigou À realização de elaborados e árduos trabalhos, alguns preliminares ao levantamento dos edifícios comunitários. Na amplitude das suas manifestações concretas, a história dos mosteiros cistercienses mediavais é também uma história da relação estreita e longa do homem com a água. Dois elementos de estudo tão extensos como significativos, na sua acepção e importância religiosa, cultural, socioeconómica e ambiental. O conteúdo dessas ações e razões objeticas autoriza, quiçá sem exagero de afirmação, o argumento favorável a um intuído "modelo" cisterciense de arquitetura hidráulica, o qual constitui um campo aberto de estudo e discussão privilegiados.
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Jorge, V. F. (2012). Os Cistercienses e a água. Revista Portuguesa de História, (43), 35–69. https://doi.org/10.14195/0870-4147_43_2
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