Resumo Esta pesquisa foi realizada em 2019 e teve a finalidade de responder à questão: qual a didática para a escola básica pública em tempos tão adversos? Utilizou-se como metodologia o bilan de savoir, em sua perspectiva crítica e participativa, com 150 docentes de escola pública, trezentos questionários, três entrevistas, dois grupos de diálogo e uma visita guiada por docentes a duas escolas públicas. Após dupla triangulação e interpretações coletivas, comprovou-se que os dados oferecem indícios de que a didática está associada ao fenômeno ensino, mas que, no entanto, a compreensão e a prática desse fenômeno se cristalizam como atividades dissonantes e desvinculadas das necessidades e urgências do momento atual. O trabalho identifica seis componentes dessa dissonância como contradições internas e recomenda que os cursos de formação insistam na presença da didática em uma concepção decolonial e em práticas que busquem ensinar o ensino para os futuros docentes. As contradições encontradas foram: 1. A contradição pedagógica: uma teoria de ensino ou uma teoria da formação? 2. A contradição ontológica: ensino requer relações verticais ou participativas? 3. A contradição prática: didática que quer ensinar versus didática que não pode ensinar. 4. A contradição epistêmica: o aluno não quer aprender; o professor não pode ensinar; o professor quer ensinar, o aluno não consegue aprender. 5. Contradição conceitual o professor que ensina? O aluno que aprende? 6. Contradição ética enquanto ensino, do meu jeito, do meu modo, excluo gentes; excluo alunos.Abstract This research was carried out in 2019 and aimed to answer the question: what is the didatics for the public elementary school in such adverse times? The methodology used was the bilan de savoir, in its critical and participatory perspective, with 150 public school teachers, three hundred questionnaires, three interviews, two dialogue groups and a visit to two public schools guided by teachers. After double triangulation and collective interpretations, it was proven that the data provide evidence that didactics is associated with the teaching phenomenon, but that, however, the understanding and practice of this phenomenon crystallize as dissonant activities and disconnected from the needs and urgencies of the present moment. The work identifies six components of this dissonance as internal contradictions and recommends that training courses insist on the presence of didactics in a decolonial conception and on practices that seek to teach the teaching practice to future teachers. The contradictions found were: 1. The pedagogical contradiction: a teaching theory or a formation theory? 2. The ontological contradiction: does teaching require vertical or participatory relationships? 3. The practical contradiction: didactics that want to teach versus didactics that cannot teach. 4. The epistemic contradiction: the student does not want to learn; the teacher cannot teach; the teacher wants to teach, the student cannot learn. 5. Conceptual contradiction the teacher who teaches? The student who learns? 6. Ethical contradiction while teaching, in my way, in my manner, I exclude people; I exclude students.
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Franco, M. A. S. (2022). Por uma didática decolonial: epistemologia e contradições. Educação e Pesquisa, 48. https://doi.org/10.1590/s1678-4634202248240473
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