Nesta dissertação, demonstramos que o antipetismo surge em meio a diversos processos sociopolíticos que se entrelaçam e que ganham formato e substância peculiares de acordo com os acontecimentos políticos contemporâneos. A abordagem proposta evidencia as relações entre aspectos institucionais do sistema político, características atitudinais e recursos comunicativos nas mídias sociais. Argumentamos que o antipetismo não se limita à negação do PT ou o voto útil no adversário. A oposição hostil ao partido é o fator que catalisa uma diversa gama de discursos políticos de modo heterogêneo e não linear. Assim, defendemos a hipótese de que o antipetismo nas mídias sociais em 2014 tem uma característica fundamental que chamamos de assimetria histórica, que produz alguns pontos cegos quanto à análise da imagem do partido e da própria política brasileira. Para lançar luz sobre o pano de fundo que compõe a Rede Antipetista, oferecemos uma chave de leitura que enfatiza três pontos referenciais antagônicos: o antipartidarismo, o antiesquerdismo e o antiestablishment. O gatilho da tríade do antipetismo é o clima de ansiedade da população, provocado pela queda na avaliação retrospectiva do governo federal, situando um cenário de crise econômica e de escândalos de corrupção. As chaves de leitura elaboradas são essenciais para a compreensão de fenômenos recentes e de grande complexidade da comunicação política, além de parte da conjuntura da política nacional, como o papel da oposição e os protestos pelo impeachment da presidente, Dilma Rousseff. Discutiremos os principais resultados e elaboraremos problematizações sobre os desafios suscitados para pesquisas posteriores.
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Santos, M. A. dos. (2016). Campanha não oficial – A Rede Antipetista na eleição de 2014. Fronteiras - Estudos Midiáticos, 19(1). https://doi.org/10.4013/fem.2017.191.10
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