Neste estudo nosso objetivo é apreender o processo de absorção dos deficientes físicos pelas empresas, considerando múltiplos olhares (público interno e externo), e se estes se modificaram ao longo dos anos. Assim, conduzimos uma pesquisa numa empresa aérea que alocou essas pessoas em posições de contato direto com o público. Num primeiro momento, constatamos que a empresa atendeu aos anseios dos seus clientes e empregados. Os empregados não deficientes viam na contratação dos deficientes a possibilidade de benefícios para a organização (melhoria de sua imagem pública) e para si mesmos (repasse de trabalho para os deficientes). Já para os empregados portadores de deficiência, tal situação era aceitável, pois viabilizava sua integração ao grupo. Em 2011, voltamos a campo e entrevistamos representantes das mesmas categorias (passageiros, empregados - deficientes e não - e os gerentes de RH e marketing) para avaliar o impacto da dimensão "tempo". As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise do discurso, a qual nos remeteu aos seguintes marcos teóricos: ética, tempo como variável subjetiva e gestão da diversidade da força de trabalho nas organizações. O campo revelou que a naturalização da presença dos deficientes ocorreu de tal forma que, para os passageiros deixou de ser um diferencial da empresa e, para os empregados, algo relevante. A empresa, por sua vez, insiste em buscar visibilidade social e midiática por meio da espetacularização da deficiência. Já os deficientes reclamam que não conseguem fazer carreira, pois encontram o mesmo "teto de vidro" denunciado por outras minorias.This study aims at grasping the process of absorption of the handicapped by companies from multiple perspectives (internal and external publics), and how these perceptions have changed over the years. Thus, we conducted a survey on an airline which has allocated these people in positions of direct contact with the public. The moment, we noted that the company met the expectations of its customers and employees. The non-disabled employees saw on their diversity policy possibility of benefits for the organization (improving its public image) and for themselves (transfer of work to handicapped). The lasted accepted this situation because it enabled their integration into the group. In 2011, we returned to the field and interviewed representatives of these categories (passengers, employees - handicapped and non - and HR managers and marketing) in order to assess the impact of the dimension "Time". The interviews were transcribed and subjected to discourse analysis, which funded out us the following theoretical frameworks: ethics, subjective time as a variable and management of workforce diversity in organizations. The field revealed the naturalization of the presence of the handicapped, some their passengers differentiate the company for its how the employees perceived as something relevant. The company, on a turn, insists on seeking social visibility through media and the spectacle of disability. Complained that they here not given the chance of a career since they encounter the same "glass ceiling" denounced by other minorities.
CITATION STYLE
Irigaray, H. A. R., & Vergara, S. C. (2011). O tempo como dimensão de pesquisa sobre uma política de diversidade e relações de trabalho. Cadernos EBAPE.BR, 9(4), 1085–1098. https://doi.org/10.1590/s1679-39512011000400009
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.