A publicação de um relatório que contém diretrizes de boas práticas científicas pelo CNPq, em 2011, é considerada um dos marcos da discussão sobre integridade na ciência no Brasil. O objetivo deste trabalho foi discutir tais diretrizes sob enfoque comportamentalista, considerando-as como regras. Embora as regras ofereçam vantagens à aquisição de boas práticas pelos pesquisadores, o ensino da moralidade não deveria se restringir à exposição desses profissionais a essas diretrizes, mas oferecer condições para que eles fiquem sensíveis a diferentes questões éticas que podem surgir no contexto de produção de conhecimento científico. A análise do documento publicado pelo CNPq mostra, ainda, que as consequências atreladas às más e às boas práticas em ciências são tardias e inespecíficas. Por outro lado, a literatura consultada correlaciona a fraude na ciência às exigências de produtividade científica: em alguns casos, as más condutas parecem permitir a adaptação do pesquisador às exigências de produtividade. Além disso, consequências associadas às contingências de produtividade acadêmica são mais imediatas podendo, portanto, exercer maior controle sobre o comportamento do cientista. A discussão sobre a fraude científica, nesse sentido, implica considerar as atuais contingências acadêmicas.
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Guazi, T. S., Laurenti, C., & Carrra, K. (2018). Boas práticas científicas: Uma discussão analítico-comportamental. Interação Em Psicologia, 22(1). https://doi.org/10.5380/psi.v22i1.54143
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