No ano em que se celebra 20 anos da ausência de Paulo Freire no mundo, este artigo homenageia esse autor clássico colocando em evidência a investigação temática, um método de pesquisa e construção de conhecimento contra hegemônico, criado por Freire, que contribui de forma original para o campo das ciências humanas e sociais. Essa abordagem de pesquisa se apoia na epistemologia dialética na qual a realidade é compreendida como um processo histórico, complexo e contraditório, em permanente devir. Constitui-se em marco teórico para metodologias participativas, contrapondo-se à lógica instrumental, uma vez que fundamentalmente importa a produção de conhecimentos críticos que auxiliem os sujeitos a compreender e superar suas situações-limite, colocando a reflexão teórica a serviço da ação para transformar compreensões e práticas. Essa posição não pode ser confundida com uma postura pragmática, que reduz o ato de pesquisar à resolução imediatista de problemas da prática cotidiana, nem tampouco a uma forma ativista de mobilização política. Nessa forma de investigar, que carrega em si os princípios da educação crítico-emancipatória, os sujeitos podem refletir sobre as condições em que vivem e trabalham e, em interação, procurar compreender, criticar e enfrentar os mecanismos que sustentam a desigualdade e a exploração nos níveis local, médio e macro da estrutura social.
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Saul, A., & Saul, A. M. (2017). A METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA: ELEMENTOS POLÍTICO-EPISTEMOLÓGICOS DE UMA PRÁXIS DE PESQUISA CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA. Revista E-Curriculum, 15(2), 429. https://doi.org/10.23925/1809-3876.2017v15i2p429-454
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