A ocupação inadequada da costa é o resultado da falta de planejamento, que acarreta em alterações paisagísticas relevantes e destruição de ecossistemas. O padrão de colonização do território sul-catarinense culminou no assentamento de núcleos urbanos muito próximos a habitats costeiros importantes e frágeis, por comporem ambientes que viabilizam comércio, comunicação, extração de recursos naturais, turismo e lazer. A degradação costeira na Área de Preservação Ambiental da Baleia-Franca, sobretudo no litoral de Jaguaruna (Estado de Santa Catarina, Brasil), resultou em uma recomendação do Ministério Público Federal sobre a costa municipal, fato que motivou este estudo. A área de estudo compreende o Balneário Camacho, que fica no nordeste de Jaguaruna, inserido em uma barreira arenosa, com a identificação dos seguintes ambientes: campo de dunas, planície alagável com lagoas e banhados (perenes e intermitentes), o Sambaqui Garopaba do Sul e assentamentos humanos. O sistema de dunas da orla é formado por dunas barcanas e cadeias barcanoides, intercaladas por planícies alagáveis, onde se tem a formação de nebkhas. A classificação da costa é um método de ordenamento territorial que pode dar apoio à decisão política. Neste contexto, a paisagem do Balneário Camacho foi classificada conforme seus ambientes e principais áreas de conflito antrópico; ademais, efetuou-se a estimativa de vulnerabilidade das dunas costeiras. Nos limites da orla da região foram encontrados diversos conflitos antropogênicos: ocupações irregulares e/ou em áreas de risco, depósitos irregulares de resíduos sólidos, plantio de árvores exóticas em dunas (para “estabilizá-las”) e acessos à praia para veículos sem controle. Os resultados foram agrupados por análise multivariada de correlação, resultando em áreas de diferentes níveis de ocupação: “não edificada”, “edificada” e “parcialmente edificada”. As características do meio físico conferem maior vulnerabilidade às dunas, enquadradas nos níveis: 2, onde há sinais de mudanças no sistema, e 3, onde se percebe significativa degradação das dunas. A orla do Balneário Camacho foi dividida em cinco setores, classificados em três zonas: (i) impactada, (ii) em degradação e (iii) preservada, para as quais foram desenhadas propostas de manejo. Concluiu-se, a partir do observado, que ainda há muito por fazer para alcançar sustentabilidade na região. A alternativa mais promissora é o desenvolvimento voltado ao ecoturismo, devido à localização geográfica e beleza paisagística local. Demais usos sustentáveis devem ser discutidos com a comunidade e planejados adequadamente.
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Cristiano, S. da C., Barboza, E. G., Martins, E. M., & Gruber, N. L. S. (2017). Caracterização da costa marinha do Balneário Camacho (Santa Catarina, Brasil) como subsídio à gestão. Revista de Gestão Costeira Integrada, 17(1), 37–63. https://doi.org/10.5894/rgci-n98
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