Este artigo apresenta e discute aspetos multidimensionais e interativos do contexto imigratório internacional, relativos à cidadania, direitos humanos, saúde e qualidade de vida, de mulheres brasileiras imigrantes que vivem em situação migratória irregular na cidade de Genebra (Suíça), acompanhadas deseus filhos menores. Trata-se de uma pesquisa multimétodo, desenvolvida à luz da teoria das representações sociais e da clínica e psicossociologia da saúde, utilizando a entrevista enquanto dispositivo enunciativo fundamental, delineando-se uma permanente articulação entre observação, reflexão, diálogo e análise. Os resultados evidenciam que a imigração está relacionada com motivoslaborais/econômicos, com informações de redes sociais e de parentes ou amigos já imigrantes naquela cidade. Embora as participantes considerem como positiva a sua decisão de imigrar, a totalidade delas revelou inúmeras e diferentes dificuldades, designadamente: de adaptação, isolamento, exploração, sofrimento psicológico, choro frequente, irritabilidade e intolerância com os seus filhos, insônias, dores musculares, ansiedades e medos quanto ao seu presente e futuro e o de seus filhos. Com os direitos e cidadania aprisionados pela sua situação de ilegalidade e de seus filhos, hipotecam os seus direitos, vivemsob o anonimato, o medo e a ameaça da deportação. Conclui-se que o estresse, o medo e a ansiedade constantes vivenciados no país dito de acolhimento, comprometem a saúde física e emocional e o bemestar do núcleo familiar. Sugerem-se estudos mais amplos com o intuito de um conhecimento maisaprofundado das famílias imigrantes vivendo em situação irregular.
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Ramos, N., & Franken, I. (2018). CIDADANIA E DIREITOS APRISIONADOS DE BRASILEIROS IMIGRANTES ILEGAIS NA SUÍÇA: IMPLICAÇÕES NA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA. Revista Ambivalências, 6(11), 09–34. https://doi.org/10.21665/2318-3888.v6n11p09-34
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