No presente artigo buscamos mostrar a importância do pensamento de Gilbert Simondon, mais especificamente de sua forma de colocação do problema da percepção, para o campo da arte. A contribuição de Gilbert Simondon se faz relevante pois permite pensar uma abordagem do acontecimento artístico que escapa das armadilhas de um pensamento dicotômico segundo o qual haveria sempre uma escolha a realizar: ou falamos do aspecto formal e objetivo da obra, abrindo mão da dimensão da experiência e das relações da arte com outros processos vitais; ou nos restringimos aos significados e efeitos da obra, o que nos colocaria em sintonia com uma abordagem subjetivista que remete às intenções ou motivações do artista e às expectativas e preferências do espectador. A partir de uma discussão da leitura inventiva que Simondon realiza da Psicologia da Gestalt e articulando-a com o trabalho de autores como G. Deleuze e F. Guattari, tomando nesse sentido os conceitos de campo, metaestabilidade, forma, informação e modulação como fio condutor, mostraremos que é possível pensar em um mesmo movimento a consistência impessoal da obra e sua potência de novas atualizações ou individuações. Isso é importante pois aponta para a mobilização de uma dimensão não recognitiva da percepção na experiência com a arte. A obra se coloca então como dispositivo de experimentação. Analisaremos, finalmente, como esse caráter de experimentação sensível confere à experiência com a arte uma dimensão de produção de subjetividade e consequentemente, seu alcance político.
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Ferraz, G. C. (2012). Arte e percepção: as contribuições de Simondon para pensar o alcance político da experimentação sensível. Informática Na Educação: Teoria & Prática, 15(1). https://doi.org/10.22456/1982-1654.29090
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