Racional — Os portadores da doença do refluxo gastroesofágico podem apresentar ou não esofagite por refluxo. Imagina-se que os portadores de esofagite são mais sintomáticos que os pacientes sem esofagite. Contudo, poucos estudos comparam adequadamente esses grupos de pacientes entre si. Objetivos - Comparar as formas com e sem esofagite da doença do refluxo gastroesofágico em relação à idade, sexo, presença e intensidade de sintomas. Material e Métodos - Foram estudados, por meio de entrevista clínica, 122 portadores da doença — 90 com e 32 sem esofagite — identificados por estudo endoscópico do esôfago e por pHmetria esofágica prolongada. Foram considerados idade, sexo e a presença das seguintes queixas: pirose, disfagia, dor torácica não-cardíaca e sintomas respiratórios. A queixa de pirose foi analisada com mais detalhes, levando-se em conta além da presença do sintoma, a intensidade, a freqüência e a duração da queixa. Em função dessas variáveis, a pirose foi caracterizada, quando presente, como sendo de grau leve/moderado ou intenso/muito intenso. Resultados - Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à idade, ao sexo e à presença dos sintomas. Observou-se, contudo, em relação à intensidade da queixa de pirose, maior ocorrência de pirose caracterizada como intensa/muito intensa no grupo com esofagite. Conclusões - 1. As formas com e sem esofagite da doença do refluxo gastroesofágico são muito semelhantes em relação à idade, ao sexo e à presença dos sintomas analisados nos pacientes acometidos; 2. Apesar dos sintomas analisados estarem presentes em níveis semelhantes nos dois grupos estudados, observou-se que a ocorrência de pirose caracterizada como de maior intensidade foi mais comum no grupo de pacientes com esofagite; 3. Dentre os portadores da doença do refluxo analisados, observou-se contingente significativo de pacientes (26,2%) que não apresentavam esofagite endoscópica; a pHmetria esofágica prolongada foi de fundamental importância para a identificação desse grupo; 4. Existe a necessidade de serem adotados conceitos mais homogêneos em relação à doença do refluxo gastroesofágico, à esofagite por refluxo e à caracterização do refluxo patológico, para obter-se maior precisão diagnóstica e para que se possa comparar, adequadamente, resultados de diferentes estudos sobre o tema.Background — Patients with gastroesophageal reflux disease may or may not have endoscopic esophagitis; there are few studies comparing these groups among themselves. Objectives - This study was designed in order to evaluate differences between patients with gastroesophageal reflux disease with and without esophagitis. Patients/Methods - A hundred and twenty-two patients with gastroesophageal reflux disease characterized by esophageal endoscopy and pHmetry were included, 90 with and 32 without esophagitis. Assessment involved an anamnesis, including the following data: age, sex, heartburn, dysphasia, non-cardiac chest pain and respiratory symptoms. Heartburn was analyzed in more detail, its duration, intensity and periodicity being determined. Results - No statistical significant difference was observed between the groups, regarding age, sex or presence of symptoms. However, in the group with esophagitis, heartburn classified as severe or very severe was more frequent. Conclusions - 1. The groups of patients with or without esophagitis analyzed were very similar concerning age, gender and presence of symptoms. However, regarding the heartburn's intensity, it was more intense in the group with esophagitis. 2. Among patients with gastroesophageal reflux disease, there is a large number of cases without esophagitis (26.2%) and that prolonged pH-monitoring is fundamental in its identification; 3. A better definition of reflux disease, esophagitis and pathological reflux is needed, in order to allow better diagnostic accuracy and comparisons in different studies on this subject.
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NASI, A., MORAES-FILHO, J. P. P. de, ZILBERSTEIN, B., CECCONELLO, I., & GAMA-RODRIGUES, J. (2001). Doença do refluxo gastroesofágico: comparação entre as formas com e sem esofagite, em relação aos dados demográficos e às manifestações sintomáticas. Arquivos de Gastroenterologia, 38(2), 109–115. https://doi.org/10.1590/s0004-28032001000200006
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