Enquanto a pobreza é estudada sob todos os ângulos possíveis, as classes mais ricas raramente são objeto de análises sociológicas. Neste artigo são discutidas as causas desse desequilíbrio, a começar pela timidez dos sociólogos. Os obstáculos metodológicos provém, em parte, da origem social dos pesquisadores que ficam mais a vontade nas pesquisas sobre a população pobre e os movimentos sociais e inibidos em face das classes abastadas. A esse problema subjetivo se agrega um segundo relativo ao desinteresse ou à recusa dos ricos em fornecer informações tornando a avaliação das fortunas um exercício complexo. O tema sofre também preconceitos teóricos e sociais tendo pouca legitimidade acadêmica; o pesquisador é frequentemente acometido de um mal-estar deontológico que dificulta sua relação com o objeto de estudo. Por fim, o distanciamento social se traduz numa ambígua relação de dominação.While poverty is studied from all possible viewpoints, wealthier classes are seldom the object of sociological analyses. This article discusses the causes of this imbalance, starting with the reluctance of sociologists. Methodological obstacles result partly from the social background of researchers, who feel more comfortable studying the poor population and social movements, and become hesitant faced with the affluent classes. To this subjective aspect should be added a second issue: the wealthy classes' lack of interest or refusal to provide information, making the evaluation of wealth into a complex exercise. The subject also suffers from theoretical and social prejudice, with low academic legitimacy; researchers are often stricken by a deontological unease that hampers their relationship with their object of study. Social distancing is finally translated into an ambiguous relationship of domination.
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Pinçon, M., & Pinçon-Charlot, M. (2007). Sociologia da alta burguesia. Sociologias, (18), 22–37. https://doi.org/10.1590/s1517-45222007000200003
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