The Historiography of Medieval Portugal, c. 1950-2010

  • Aurell J
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Abstract

A década de 1980 foi muito fecunda no alargamento dos horizontes historiográficos peninsulares, com a abertura de novos caminhos de investigação, sendo especialmente relevantes os que se foram materializando em torno dos séculos medievais. Os resultados desse esforço de atualização e abertura foram notáveis, como o revelam os inúmeros balanços que foram sendo feitos desde então por vários historiadores portugueses e espanhóis. Sirva de exemplo, para o caso nacional, e para os mais variados campos de trabalho, a mais recente avaliação global e análise prospetiva sobre a historiografia medievística portuguesa dos últimos sessenta anos 1. De entre essas temáticas gostaria de destacar duas em particular, que claramente sobressaíram desde aquela década de 1980, e que, à época, ou pelo menos assim o julgaria a maior parte dos historiadores, seriam quase incompatíveis, ou pelo menos pouco articuláveis. Refiro-me, por um lado, aos estudos sobre o grupo aristocrático e, por outro, àqueles que se debruçaram sobre as cidades medievais, e que tiveram como principais mentores os Professores José Mattoso e A. H. de Oliveira Marques, respetivamente. Em boa verdade, essa perspetiva disjuntiva entre nobreza e cidade assentava em dois pressupostos, mais fundamentados na tradição das "ideias feitas" do que em estudos objetivos, e que idealizavam o grupo nobiliárquico medieval essencialmente enquadrado pelo mundo rural, ao mesmo tempo que a cidade personificava a ideia mítica de um espaço laborioso e socialmente igualitário, raiando quase a democracia, onde se espraiavam princípios de autonomia e liberdade. Talvez o caso mais paradigmático fosse o da cidade do Porto, onde ainda hoje os cidadãos tidos como bem "informados" afirmam com orgulho que "aqui, na Idade Média, os nobres não entravam"! Claro está que entravam, como em qualquer outro burgo medieval. A diferença, pelo menos quanto ao Porto radicava, não quanto ao grupo social, mas sim no lugar que cada um ocupava dentro da hierarquia do mesmo, ou seja, na verdade os membros da alta nobreza não podiam permanecer na cidade por mais de três dias ou ali ter casa de morada, mas os demais sim, como se comprova pela presença de vários cavaleiros nas vereações da cidade.

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Aurell, J. (2013). The Historiography of Medieval Portugal, c. 1950-2010. Medievalista Online, (13). https://doi.org/10.4000/medievalista.536

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