Estudo da tendência secular de indicadores de saúde como estratégia de investigação epidemiológica

  • França Júnior I
  • Monteiro C
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Abstract

A análise da distribuição temporal de eventos do processo saúde-doença é uma das estratégias de investigação mais antigas e valiosas para a epidemiologia e para a saúde pública. Quando a análise envolve períodos prolongados de tempo, costuma-se denominá-la de análise de tendên-cia e/ou de mudança secular. 5,6,8 William Farr (1807-1883), sanitarista inglês, foi o primeiro investigador a examinar séries temporais de morbimortalidade para longos períodos. São clássi-cas suas análises acerca da tendência secular da mortalidade e da fertilidade na Inglaterra, bem como a análise temporal de várias epidemias, como as de varíola e de cólera. 1,13 Contudo, Farr ainda não utiliza o conceito de tendência secular, que surgirá apenas no século XX. Há, no conjunto da literatura epidemiológica, um entendimento relativamente consensual da definição do fenômeno subjacente ao conceito da tendência secular. Este fenômeno com-preenderia as variações ocorridas em indicadores do processo saúde-doença em qüinqüênios, décadas ou até em períodos de maior duração. 4,5,8,9 Na literatura epidemiológica é possível observar a utilização de vários termos para a designação das variações temporais de indicado-res de saúde: tendência secular, mudança secular, aceleração secular, variação secular, mu-dança temporal e outras. Uma análise mais detida da produção científica identificará uma clara predominância da designação tendência secular. 5,8,12,14 Outros autores, em menor núme-ro, preferem utilizar o termo mudança secular. 2,9,16,* Wieringen, 16 ao analisar a evolução do crescimento corporal, lembra que as expressões tendência ou aceleração podem sugerir um caráter unidirecional e ininterrupto para as variações temporais e ressalta que as mudanças nas alturas verificadas na Holanda no século XX " são um processo biológico inteiramente reversível " . Assim, este autor prefere enfatizar a possibilidade de flutuações positivas e nega-tivas ao optar pela expressão mudança secular. Além da dimensão temporal, referida a períodos relativamente longos de observação, os autores, habitualmente, coincidem na eleição de doenças e de mortes como objetos para o estudo da tendência secular em saúde. O pólo saúde não costuma figurar sequer como exem-plo nos livros-texto em epidemiologia. 7 O pólo saúde tem sido alvo de grande debate por sua definição problemática. Tradicionalmente, a saúde é tomada em sua acepção clínica como a situação em que há ausência de doença ou de enfermidade. Deste modo, a saúde coletiva

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França Júnior, I., & Monteiro, C. A. (2000). Estudo da tendência secular de indicadores de saúde como estratégia de investigação epidemiológica. Revista de Saúde Pública, 34(6 suppl), 5–7. https://doi.org/10.1590/s0034-89102000000700002

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