O vírus do Nilo Ocidental

  • Flores E
  • Weiblen R
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O vírus do Nilo Ocidental (WNV) é um flavivírus que se mantém na natureza em ciclos alternados de infecção, em pássaros e mosquitos hematófagos, principalmente do gênero Culex. A infecção natural já foi demonstrada em mais de 200 espécies de aves, sendo que a susceptibilidade à infecção e à doença varia amplamente. Os corvídeos e os passeriformes são particularmente susceptíveis, desenvolvendo altos níveis de viremia e também elevada mortalidade. Ocasionalmente, a infecção pode ser transmitida para mamíferos pela picada de mosquitos que realizaram o repasto sangüíneo em aves virêmicas. Os humanos e os eqüinos estão entre os mamíferos mais susceptíveis e freqüentemente desenvolvem um quadro febril, que pode ser acompanhado de infecção neurológica e meningoencefalite fatal. A infecção pelo WNV, inicialmente identificada em Uganda (1937), durante décadas ficou restrita ao Norte da África, ao Oeste da Ásia, ao Oriente Médio e à Europa Mediterrânea, com relatos de casos isolados ou pequenos surtos de doença em humanos e eqüinos. Em 1999, o vírus foi introduzido em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde causou mortalidade de milhares de aves e infectou centenas de pessoas, levando 21 a óbito. A partir de então, a infecção se disseminou por praticamente todos os Estados norte-americanos, causando infecção e/ou doença em mais de 27 mil pessoas (1100 mortes), eqüinos (mais de 25.000 casos) e provocando mortalidade e redução da população de algumas espécies de aves silvestres. Evidências da infecção têm sido progressivamente detectadas em várias espécies animais no México, na América Central, no Caribe e no Norte da América do Sul, indicando a sua disseminação na direção sul. O WNV foi identificado como o agente de meningoencefalite fatal em três eqüinos na Argentina (2006), onde parece estar presente em pássaros nativos pelo menos desde 2005. Pesquisadores e autoridades sanitárias brasileiras da área humana e animal temem que a infecção seja introduzida no país, onde provavelmente encontraria condições ecológicas para a sua disseminação e manutenção. Este artigo apresenta uma breve revisão dos principais aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos da infecção pelo WNV, com ênfase na infecção de humanos, aves e eqüinos.West Nile virus (WNV) is a Flavivirus maintained in nature through alternate cycles of infection in wild birds and haematophagus mosquitoes, mainly Culex sp. Natural infection by WNV has been demonstrated in more than 200 bird species, which present variable susceptibility to infection and disease. Corvids and passeriformes are particularly susceptible and develop high levels of viremia and mortality. Occasionally, the virus may be transmitted to mammals by mosquitoes feeding previously on viremic birds. Human and horses are highly susceptible to WNV infection and often develop fever, which may be followed by neurological infection and fatal meningoencephalitis. Originally identified in Uganda (1937), WNV infection remained for decades restricted to North Africa, East Asia, Middle East and Mediterranean Europe. In these areas, isolated cases of human and horse disease, or small outbreaks were occasionally reported. In 1999, the virus was introduced in New York, USA, where it caused mortality in thousands of wild and captive birds and infected hundreds of people, killing 21. Thereafter, the infection rapidly spread out over the US territory, causing thousands of human infections (more than 27.000 - around 1100 deaths) and equine infections (more than 25.000 cases). WNV infection has also been detected in wild and domestic birds, horses and other mammals across Mexico, Central America and the Caribbean, and northern South America, indicating its dissemination southwards. In 2006, WNV was first identified as the agent of fatal neurological disease in three horses in Argentina, where it has been shown to be circulating in wild birds at least since 2005. Brazilian's human and animal health authorities are concerned with a possible introduction of the virus in the country, where it would find ideal ecological conditions for transmission and spread. This article presents a brief review on the main epidemiological and clinico-pathological aspects of WNV infection, with emphasis to human, horse and avian infections.

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Flores, E. F., & Weiblen, R. (2008). O vírus do Nilo Ocidental. Ciência Rural, 39(2), 604–612. https://doi.org/10.1590/s0103-84782008005000070

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