O objetivo do presente estudo é o de caracterizar as representações sociais de técnicas e de famílias sobre as crianças e os seus direitos, com especial enfoque na participação em processos de intervenção precoce (IP). Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, centrada num estudo de caso realizado no distrito de Setúbal, em Portugal. Foram aplicados questionários e entrevistas às técnicas de IP e às famílias de modo a possibilitar uma caracterização dos seus discursos. Para analisar os dados recorremos à categorização e análise dos discursos, que conduziu à elaboração de um texto indutivo e interpretativo, tendo como referência um quadro multidisciplinar que coloca em diálogo a Sociologia da Infância e a Intervenção Precoce. Nos discursos analisados, as crianças são representadas como sujeitos de direitos, nas dimensões de provisão e proteção. Relativamente à dimensão de participação, esta é marcada por obstáculos à sua concretização e promoção associados a dimensões como a menoridade, o paternalismo, a (i)maturidade e a deficiência(s). As crianças são vistas a partir do seu ofício de filho/a e como sujeitos de intervenção. É explícito nos discursos das entrevistadas a dificuldade em concretizar a participação das crianças em práticas de IP. Esta investigação procurou trazer contributo de valor acrescentado, sobretudo por convocar complementaridades produtivas entre diferentes saberes e perspetivas e centrar-se na dimensão dos direitos das crianças com deficiência ou risco de desenvolvimento. Pretendeu, ainda, contribuir para repensar e potenciar espaços de transformação que promovam e garantam efetivamente os direitos das crianças.
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Lapa, M. S. F., & Almeida, C. T. (2015). Participação das crianças em intervenção precoce: representações sociais de técnicas e famílias. Revista Educação Especial, 28(52), 459–472. https://doi.org/10.5902/1984686x15830
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